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Neurologia9 abril 2019

Como os efeitos da privação de sono afetam os profissionais de saúde

A privação de sono já é um problema de saúde pública no mundo. E quando afeta os profissionais de saúde, os danos podem ser mais graves.

Por Úrsula Neves

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

Há cada vez mais pessoas em todo o mundo que dormem menos do que deveriam. Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), a privação de sono já é um problema de saúde pública nas principais potências mundiais. E essa realidade tem efeitos conhecidos relacionados à falta de concentração no trabalho e ao mal-estar físico generalizado, como dores de cabeça e náuseas. No entanto, existem outros danos menos conhecidos das consequências da privação de sono, como a ansiedade, episódios de agressividade, depressão, obesidade e resistência insulínica.

E quando essa privação do sono afeta os profissionais de saúde, os danos podem ser mais graves, pois estes são responsáveis por outras vidas, que estão sob a sua responsabilidade.

residencia medica

Médicos e privação do sono

“Uma noite sem dormir acarreta na diminuição das capacidades cerebrais cognitivas no dia seguinte. É esperado que essa pessoa tenha mais dificuldade em manter o foco no seu trabalho ou no estudo. Há também dificuldades de memória e na tomada de decisões, o que é altamente prejudicial (e preocupante) para os médicos dentro do horário de trabalho”, destaca Rogério Arena Panizzutti, médico, neurocientista e professor da UFRJ.

A função do sono não está totalmente esclarecida. Mas, existem diversos estudos em que pesquisadores afirmam que o sono possui um papel fundamental na saúde, exercendo uma atividade reparadora com grande influência no funcionamento de sistemas como o nervoso, cardíaco e endócrino.

“Sabemos que o sono é extremamente necessário para descansar o nosso cérebro. Por outro lado, o sono também tem sido muito estudado em relação ao nosso processo de aprendizado, consolidando as memórias do que estudamos durante o dia ou mesmo fazendo associações livres, o que permite que sejamos criativos durante o dia. Portanto, a privação do sono a longo prazo prejudica a formação de novas memórias ou mesmo o funcionamento global do cérebro”, explica o Dr. Rogério Panizzutti.

Média saudável de sono por noite

No ranking de quem dorme menos, o Brasil está em terceiro lugar no mundo, perdendo apenas para o Japão e Cingapura, de acordo com uma pesquisa realizada pela revista Science Advances em 2016. Em média, os brasileiros dormem 7h30 por noite. Para o professor da UFRJ, a quantidade de horas necessárias de sono por dia para se sentir bem varia de pessoa para pessoa, mas o ideal é que essa média esteja entre 7h e 9 horas por noite.

“É importante destacar que a insônia é um sintoma de alguns transtornos psiquiátricos, como ansiedade, casos de agressividade e depressão. As pessoas, especialmente os profissionais de saúde, devem fazer uma avaliação psiquiátrica para realizar um tratamento específico para o seu caso”, indica Dr. Rogério Panizzutti.

A qualidade do sono está diretamente ligada à qualidade de vida do ser humano. Enquanto dormimos, nosso organismo realiza funções extremamente importantes: fortalecimento do sistema imunológico, secreção e liberação de hormônios, consolidação da memória, entre outras. Porém, a falta de tempo de descanso prejudica o desempenho dessas funções.

“Sabemos que trabalhos realizados em turnos podem levar a alterações importantes no funcionamento do organismo, como alterações metabólicas e o próprio quadro de estresse. Então, é muito importante que os profissionais de saúde também se preocupem e cuidem da sua própria saúde. É fundamental manter uma prática regular de exercícios físicos, uma alimentação balanceada e, claro, uma média saudável de sono por dia”, conclui o especialista.

Trabalhar por mais de 55h semanais está associado com maior risco de FA

Referências:

  • Sleep deprivation impairs memory by attenuating mTORC1-dependent protein synthesis. Jennifer C. Tudor, Emily J. Davis, Lucia Peixoto, Mathieu E. Wimmer, Erik van Tilborg, Alan J. Park, Shane G. Poplawski, Caroline W. Chung, Robbert Havekes, Jiayan Huang, Evelina Gatti, Philippe Pierre, Ted Abel. Sci. Signal.26 Apr 2016 : ra41
  • http://www.usp.br/espacoaberto/?materia=a-importancia-de-dormir-bem
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