A inteligência artificial pode ajudar na escrita científica?
A Inteligência Artificial é uma área que está em rápida ascensão, transformando em muitos aspectos do cotidiano, principalmente na medicina.
De algoritmos avançados a técnicas de aprendizado de máquina, a inteligência artificial (IA) pode ajudar os médicos a realizarem diagnósticos mais precisos, identificar potenciais riscos à saúde e fornecer planos de tratamento personalizados para os pacientes e, recentemente, influencia na escrita científica (1, 2).
A IA possui hoje um potencial de mudar a perspectiva de visão da saúde, fornece soluções, ajudando os médicos a analisar dados, dentre outros âmbitos a fim de ajudar os médicos a fazer diagnósticos mais precisos e fornecer tratamentos mais direcionados para os pacientes (2).
Em suma, a IA é uma ferramenta poderosa que tem o potencial de transformar o campo da medicina e melhorar a qualidade do atendimento aos pacientes. À medida que a tecnologia continua a evoluir e avançar, podemos esperar ver desenvolvimentos ainda mais empolgantes no uso da IA na área da saúde (2).
O Chatbot Generative Pre-trained Transformer (ChatGPT) — desenvolvido pela OpenAI, é um tipo de software de Inteligência Artificial (IA), que funciona através de algoritmos programados para entender conversas naturais de humanos. Sendo assim, questiona-se o uso da IA para produzir artigos científicos (1-3).
Leia também: Inteligência artificial para avaliação ultrassonográfica da idade gestacional
O uso na escrita científica
O uso da IA na pesquisa cientifica traz questionamentos sobre diversos patamares, que podem auxiliar os pesquisadores no processo de revisão, encontrando artigos acadêmicos, resumindo suas conclusões e destacando áreas de incerteza. Isso poderia ajudar os médicos, por exemplo, a obter rapidamente uma compreensão do estado atual do conhecimento sobre um tópico específico e a identificar possíveis lacunas que precisam ser abordadas, embora o resumo fornecido possa ser bastante genérico e não analise criticamente as diferenças entre os estudos (1, 3).
É importante ressaltar que o processo de redação de um artigo acadêmico requer primeiro a orientação e supervisão de um pesquisador humano especialista na área, que revisa o conteúdo antes de enviá-lo para uso ou publicação, para garantir precisão, consistência e confiabilidade mínimas (1, 3).
Os chatbots são úteis, mas exigem informações dos pesquisadores, e informações inadequadas podem levar a resultados ruins e em última análise, uma transferência de responsabilidade que não é factível (2, 3).
Chatbots vs humanos
Como uma IA, o ChatGPT tem uma vantagem superior em entender informações de forma rápida e completa e conectar evidências para tirar conclusões, em comparação com humanos que são limitados em sua capacidade de ler ampla gama de literatura e distinguir links entre peças de literatura e de informações aparentemente separadas (2), o texto gerado por chatbots pode não ter as sutilezas e frases que os autores humanos usam para transmitir um significado ou tom específico. Também pode ser mais ambíguo e conter inconsistências que não estão presentes em artigos escritos por humanos. Alternativamente, se um artigo contiver erros estruturais e gramaticais de alto nível, isso pode indicar que foi escrito por um ser humano, enquanto a IA, não comete o mesmo. Por fim, se o artigo tratar de um tema muito específico e altamente técnico, é pouco provável que o chatbot consiga gerar tal texto. Requer uma compreensão profunda do tema e uma capacidade de gerar análises e conclusões científicas que apenas seres humanos seriam capazes (1, 2).
Aspectos éticos
Um sistema AI ou ChatGPT pode cometer plágio, mas também pode ser programado para não copiar outros, reconstruindo o trabalho de maneira semelhante à dos autores humanos. Reescrever, ou seja, seções escritas por outros autores para reduzir o plágio é aceitável na pesquisa científica. A falta de um espírito humano crítico e profissional por trás da pesquisa científica (que fundamenta o método científico) perpetua ou amplia os vieses e imprecisões existentes nos dados, levando a resultados injustos e arriscando impedir o crescimento científico (1, 4).
Avanços surpreendentes em ferramentas de IA podem ainda levar a um aumento significativo de publicações para alguns pesquisadores, mas não a um aumento real na experiência no campo (1). O ChatGPT e outros serviços de chatbot são gratuitos e não há garantia de que você não será pago no futuro, porém a introdução de taxas de acesso a esses chatbots aumentaria a desigualdade entre países de alta e baixa renda (e entre jovens e velhos especialistas) na produção científica, com consequências imprevisíveis (3).
Saiba mais: Inteligência artificial (IA) para rastreio de câncer de mama
A IA na UTI
Para unidades de terapia intensiva (UTIs) que precisam de monitoramento constante de uma variedade de informações do paciente, como histórico de tratamento, valores laboratoriais clínicos, resultados microbiológicos e cálculos de equilíbrio de fluidos, o ChatGPT pode ajudar de várias maneiras (1), fornecendo informações gerais sobre protocolos de UTI reconhecidos e além disso, tem vantagens distintas sobre os humanos na coleta, compreensão e uso rápido de informações (2).
Curiosamente, quando fornecido com informações clínicas, valores laboratoriais, histórico médico pregresso e outros dados relevantes, o ChatGPT já pode ajudar os médicos a determinar as opções de tratamento apropriadas. Contudo, é importante notar que as respostas fornecidas pelo chatbot podem ser errôneas ou datadas, pois a tecnologia ainda está em desenvolvimento e pode não ter o nível de precisão, conhecimento atual ou precisão desejado. No entanto, é crível que a IA continuará a melhorar no futuro e potencialmente fornecer resultados mais precisos e confiáveis (1, 2).
Conclusão
A inteligência artificial (IA) está sendo usada para aprimorar o ensino e a aprendizagem, a fim de melhorar os resultados acadêmicos. Com o uso voltado para personalizar a aprendizagem, tornando-a mais significativa para o meio da ciência, bem como para gerenciar os dados de aprendizagem para melhorar a eficácia dos programas de ensino.
Contudo, há desafios que a IA possui como a pesquisa mais eficaz, e os em contrapartida ao aproveitamento de seus benefícios. Há, portanto, a ideia de que a IA tem muito a oferecer no academicismo, mas é importante para os pesquisadores estarem conscientes dos desafios e dos benefícios que ela oferece.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.