O dengue é uma arbovirose endêmica no Brasil, afetando milhares de pessoas a cada ano e podendo causar quadros graves e mesmo fatais. Causada pelo vírus da dengue (DENV), o qual possui 4 sorotipos, é transmitida por mosquitos do gênero Aedes. Sem tratamento específico, as formas de prevenção são voltadas especialmente para o controle vetorial. Uma vacina contra dengue está licenciada no Brasil, porém está recomendada somente para os que já tiveram a doença previamente. Recentemente, a Anvisa aprovou o registro de uma segunda vacina, com uma população alvo mais ampla.
Leia também: Whitebook: dengue e outras arboviroses
Nova vacina
A vacina Qdenga é composta pelos 4 sorotipos do DENV e está aprovada para uso por indivíduos entre 4 e 60 anos. Trata-se de uma vacina atenuada, em que os 4 sorotipos estão presentes a partir de modificações na estrutura de uma cepa atenuada de DENV-2.
A eficácia e a segurança da vacina foram avaliadas inicialmente em um estudo de fase 3, conduzido em 8 países endêmicos para dengue, incluindo o Brasil, com crianças entre 4 e 16 anos. Os resultados da avaliação 1 ano após o término do esquema de 2 doses, mostraram uma eficácia vacinal contra dengue virologicamente confirmada de 80,2% (IC 95% = 73,3 – 85,3). Com 18 meses de seguimento, a eficácia vacinal foi de 76,1% (IC 95% = 68,5 – 81,9%) em indivíduos que eram soropositivos para dengue no início do estudo, de 66,2% (IC 95% = 49,1 – 77,5) nos que eram soronegativos, e de 90,4% (IC 95% = 82,6 – 94,7) contra hospitalização pela doença.
A performance da vacina mostrou-se diferente de acordo com o sorotipo. Análises exploratórias sugerem falta de eficácia contra o sorotipo 3 (DENV-3) em indivíduos sem evidências sorológicas de doença prévia. O seguimento de 2 anos mostrou certa queda de eficácia, principalmente em crianças com 4 ou 5 anos.
Saiba mais: Primeiro óbito por dengue em 2023 era paciente de 84 anos
Após 3 anos, a eficácia vacinal cumulativa foi de 62,0% (IC 95% = 56,6 – 66,7) contra dengue virologicamente confirmada e de 83,6% (IC 95% = 76,8 – 88,4) contra hospitalização. Nos indivíduos que eram soropositivos na entrada do estudo, a eficácia vacinal cumulativa contra dengue confirmada foi de 52,3 – 83,4% entre todos os sorotipos. Nos soronegativos, a vacina mostrou eficácia contra DENV-1 (43,5%; IC 95% = 21,5 – 59,3) e DENV-2 (91,9%; IC 95% = 83,6 – 96,0), mas não contra DENV-3. Não foi possível tirar conclusões acerca da eficácia em relação ao DENV-4.
Eficácia geral
Embora a eficácia contra hospitalização e dengue confirmada tenham variado com o país, em todos a eficácia da vacina contra hospitalização foi maior do que a contra doença virologicamente confirmada. No geral, a eficácia contra febre hemorrágica do dengue e contra dengue grave foi de 65,4% (IC 95% = 19,0 – 85,2%) e de 70,2% (IC 95% = – 24,7 – 92,9), respectivamente.
O esquema de administração atual é composto por duas doses, por via subcutânea, com 3 meses de intervalo. Os estudos de avaliação de eficácia e segurança continuam e a necessidade de uma dose de reforço também é avaliada.
Exclusividade médicaPrescreva medicação aos seus pacientes de forma gratuita e ilimitada
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.