O Japão registrou um número recorde de casos de Síndrome de Choque Tóxico Estreptocócico (SCTE) em 2024, até o dia 2 de junho já eram 977 notificações de acordo com o Instituto Nacional de Doenças Infecciosas do país. Até março deste ano já haviam sido registradas 77 mortes, quase o mesmo número registrado em todo 2023, 97 mortes.
“No ritmo atual de infecções, o número de casos no Japão pode chegar a 2.500 este ano, com uma taxa de mortalidade de 30%. A maioria das mortes acontece dentro de 48 horas. Assim que um paciente percebe inchaço no (seu) pé pela manhã, ele pode se expandir para o joelho ao meio-dia, e ele pode morrer dentro de 48 horas”, afirmou em entrevista ao Japan Times, Ken Kikuchi, professor de doenças infecciosas da Universidade de Medicina da Mulher de Tóquio.
Não há informação definitiva sobre o que estaria ocasionando o aumento das infeções no Japão. Hipóteses variam entre relaxamento de hábitos de higiene depois da pandemia de covid-19 à presença da subvariante M1UK das cepas M1 de bactérias do grupo A, considerada hipervirulenta.
Síndrome de Choque Tóxico Estreptocócico (SCTE)
A SCTE normalmente é consequência da infecção pelas bactérias Streptococcus pyogenes ou estreptococos do grupo A (EGA). Embora EGA normalmente causem doenças leves como amigdalite e faringite em crianças em idade escolar, em ocorrências raras esse grupo de bactérias pode ser responsável por consequências mais graves.
Infecções invasivas graves por EGA podem gerar fasciíte necrosante, bacteremia, artrite séptica, endometrite puerperal ou infecções do trato respiratório. De acordo com a OMS, “aproximadamente um terço dessas infecções invasivas se complicam com a Síndrome do Choque Tóxico Estreptocócico”. O órgão internacional estima que EGA sejam responsáveis por mais de 500.000 mortes por ano em todo o mundo.
Outros surtos
Em 2022, também foram registrados aumento dos casos de SCTE na Europa e no Uruguai. E no final de 2023, a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) emitiu um alerta para doença invasiva causada por estreptococo do grupo A na Argentina. Até novembro, 643 casos com 94 resultando em óbito haviam sido notificados no país. Com registros da presença da cepa M1UK.
Leia também: OMS emite alerta epidemiológico sobre doença invasiva causada por estreptococo
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