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Infectologia23 janeiro 2025

Norovírus: o que devemos saber? 

O norovírus é considerado, atualmente, como um dos principais agente etiológico da gastroenterite aguda em todas as faixas etárias.

O ano de 2025 começou com um surto de gastroenterite no estado de São Paulo, cujo número de casos chamou a atenção em todo o país. Após investigação epidemiológica, o agente etiológico indicado como mais provável causador foi o norovírus. 

Virologia e epidemiologia 

Os norovírus são vírus de RNA fita simples pertencentes ao gênero Norovirus, da família Caliciviridae. Epidemiologicamente, são a principal causa de gastroenterite epidêmica ao redor do mundo, tanto em crianças quanto em adultos. Estima-se que sejam responsáveis por mais de 90% dos surtos de gastroenterite viral no mundo. 

A transmissão ocorre principalmente por via fecal-oral. O período de incubação é de geralmente 24 a 48h, mas períodos de 18 a 72h já foram registrados. A eliminação de vírus em fezes de pessoas infectadas é mais intensa nas primeiras 24 a 48h de doença, mas pode se iniciar antes dos primeiros sintomas. Contudo, indivíduos imunossuprimidos podem eliminar o vírus por mais tempo, podendo chegar a meses. 

Leia também: Como é o manejo da gastroenterite aguda em crianças?

A contaminação de objetos pode resultar em transmissão por meio de fômites. Alimentos que estiveram em contato com água contaminadas ou que foram manipulados por indivíduos infectados podem atuar como veículos de transmissão. Classicamente, surtos foram associados ao consumo de sanduíches e saladas, além de consumo de água contaminada e natação em piscinas ou lagos contaminados. 

Norovírus: o que devemos saber? 

Imagem de virions de norovírus sob microscópio eletrônico. Fonte: CDC/ Charles D. Humphrey.

Participação em surtos 

Os norovírus são agentes conhecidos de surtos. Algumas características podem denunciar o norovírus como causador de um surto: doença de curta duração (2 a 3 dias), com vômitos como sintoma principal, período de incubação de 24 a 48h, altas taxas de ataque e casos secundários, e ausência de outros patógenos identificados em amostras de fezes. 

Os surtos de gastroenterite associados ao norovírus são particularmente comuns em ambientes fechados, como hospitais, instituições de longa permanência, escolas, navios, cruzeiros e quarteis. Nessas situações, a ocorrência de casos secundários se destaca. Normalmente, esses surtos são autolimitados, com resolução espontânea depois de uma a duas semanas. 

Uma característica importante a ser lembrada é que os norovírus são resistentes ao cloro e relativamente resistentes ao calor, o que dificulta sua eliminação de ambientes contaminados – como piscinas – e alimentos, como frutos do mar. 

Medidas de controle de norovírus

Na presença de um surto, ações para prevenção de casos secundários devem ser implementadas, com identificação e eliminação de possíveis fontes comuns de contaminação e orientações em relação à higienização das mãos e ao uso de métodos de barreira. Indivíduos doentes devem evitar manipular alimentos pelo menos até dois a três dias após a resolução dos sinais e sintomas de gastroenterite.  

Em ambiente hospitalar, pacientes com suspeita ou infecção confirmada por norovírus devem ser colocados em precaução de contato, preferencialmente em quarto individual. A precaução deve ser mantida até pelo menos 48h após resolução dos sintomas, devendo-se considerar períodos maiores em indivíduos em menores de dois anos de idade e pacientes com comorbidades, como imunossupressão, cardiopatias ou nefropatias, já que eles podem eliminar o vírus por mais tempo. A higienização das mãos durante os cuidados com esses pacientes deve ser realizada com água e sabão. Preparações alcóolicas têm menor nível de evidência como forma de eliminação de norovírus. 

Tratamento 

Não existe tratamento específico para infecções por norovírus e o manejo é baseado em medidas de suporte. O uso de sintomáticos está indicado para controle de cefaleia, mialgias, náuseas e vômitos. É importante manter um estado adequado de hidratação, embora raramente seja necessária administração de soluções intravenosas.

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