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Infectologia6 maio 2025

Mpox: A necessidade de uma terapia eficaz 

Os casos de mpox continuam aparecendo pelo mundo e seguimos sem um tratamento que comprovadamente funcione.
Por Raissa Moraes

Atualmente, a epidemia causada pelo clado I MPXV está focada na África central e oriental, com casos esporádicos associados a viagens. O clado II MPXV causou mais de 100 mil casos de mpox em 122 países, incluindo 115 países sem casos relatados.  

A doença relacionada ao clado I está associada a uma mortalidade mais elevada que a do clado II e tem diferentes modos primários de transmissão e uma apresentação clínica também. Embora a infecção relacioanada ao clado II seja autolimitada na grande maioria dos casos, muitos pacientes apresentam sintomas graves e as pessoas com imunossupressão correm o risco de infecção prolongada e às vezes fatal. 

O tecovirimat foi aprovado para o tratamento da mpox, principalmente com base nos resultados de ensaios de segurança e farmacocinética em voluntários humanos saudáveis e estudos de varíola em primatas não humanos e varíola dos coelhos em coelhos. Antes da atual epidemia de mpox do clado II, o tecovirimat era usado esporadicamente por meio de um programa de novos medicamentos experimentais de acesso expandido liderado pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças.  

Evidências 

O PALM007, um estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo de tecovirimat para o tratamento de mpox do clado I, mostrou que o tecovirimat não acelerou a resolução das lesões cutâneas (desfecho primário). Este estudo foi rigorosamente conduzido e incluiu hospitalização durante o período de 14 dias, durante o qual o tecovirimat ou placebo foi administrado. Ao final do estudo foi percebido que houve a redução de apenas um dia no tempo de resolução das lesões cutâneas e a depuração do MPXV de vários compartimentos corporais não diferiu entre os grupos tecovirimat e placebo. Assim, fica claro que devemos prosseguir para investigar agentes alternativos para o tratamento da mpox, que também teria uso promissor no caso de um ataque bioterrorista.  

Saiba mais: CROI 2025 – Tecovirimat é eficaz no tratamento de mpox? – Portal Afya 

O brincidofovir, um antiviral também aprovado para o tratamento da mpox, que não está disponível no Brasil, tem sido o alvo dos novos estudos. Dados de modelos animais apoiam o uso de brincidofovir com tecovirimat concomitante. Além disso, anticorpos monoclonais também estão em desenvolvimento e se mostram promissores principalmente em participantes com risco de doença grave, como aqueles com imunossupressão.  

Mpox: A necessidade de uma terapia eficaz 

Partículas do vírus mpox em vermelho. Imagem de CDC/ National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID).

Considerações finais 

Os resultados do PALM007 ressaltam a necessidade de testes rigorosos de eficácia em humanos, mesmo que haja dados convincentes de estudos em animais. O programa de acesso expandido para tecovirimat forneceu tratamento para mais de 7.000 casos de mpox do clado II na ausência de dados de eficácia. Muitos profissionais que cuidam de pacientes com a doença interpretaram a alta proporção de pacientes com resposta clínica no programa de novos medicamentos experimentais de acesso expandido como evidência de atividade clínica significativa. No entanto, sem um grupo de comparação, não há como avaliar a eficácia.

Saiba mais: Mpox, o que devemos saber sobre o clado Ib

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Referências bibliográficas

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