Após o período de emergência internacional de saúde pública, infecções por mpox continuam sendo uma preocupação para as autoridades sanitárias.
No Brasil, foi registrado em São Paulo o primeiro caso da cepa clado Ib da mpox, associada ao surto na África.
Atualmente, o único tratamento aprovado é o antiviral tecovirimat, mas sua eficácia não está bem estabelecida.
Estudo
Os resultados do estudo STOMP, que avaliou o uso de tecovirimat em pacientes adultos com infecção presumida ou confirmada por mpox, foram apresentados no CROI 2025.
O ACTG A5418/STOMP é um ensaio clínico duplo-cego de fase 3, randomizado e controlado por placebo. Foram elegíveis pacientes adultos (≥ 18 anos) com infecção sintomática confirmada ou presumida por mpox e com até 14 dias de sintomas. Os participantes foram randomizados na proporção de 2:1 para receber tecovirimat oral 600mg 12/12h ou placebo por 14 dias. Participantes com ou sob risco de doença grave, gestantes e crianças foram incluídos no braço aberto de medicação. O estudo foi conduzido em 50 centros, localizados em sete países diferentes.
O desfecho primário avaliado foi tempo para resolução clínica, definida como cura completa de todas as lesões de pele e cura de todos as lesões de mucosa visíveis no dia 29. Desfechos secundários incluíram redução na escala de dor em 5 dias e mudanças longitudinais na carga de DNA de mpox de uma lesão de pele representativa.
Foram incluídos 412 participantes, sendo 275 incluídos no braço do tecovirimat e 137 no braço que recebeu placebo. A maioria dos voluntários eram homens cisgênero e a mediana de idade foi de 34 anos. Vinte e dois por cento tinham recebio pelo menos uma dose de vacina contra mpox. A mediana de duração de sintomas no momento da inclusão no estudo foi de oito dias e a de número de lesões foi de 9. No momento da entrada, 33% dos participantes relatavam dor grave.
A incidência cumulativa estimada de resolução clínica no dia 29 foi semelhante entre os grupos (83% vs. 84%). A proporção de voluntários que passou para o braço aberto de tecovirimat devido a sintomas persistentes ou progressivos foi de 7% nos dois grupos. A taxa de eventos adversos também foi semelhante (11% vs. 9%). Entre os que relataram dor grave, não houve diferença na redução na escala de dor entre os grupos de tecovirimat e placebo. Mais participantes no braço que recebeu tecovirimat tinham DNA indetectável no dia 8 (48% vs. 33% no grupo placebo), mas no dia 15 já não houve diferença significativa entre os grupos (83% vs. 78%, respectivamente). Com esses resultados, o estudo foi interrompido precocemente por futilidade.
Mensagem prática
Os resultados desse estudo mostram que tecovirimat não foi eficaz na resolução clínica de lesões e nem em redução de dor em pacientes adultos com mpox.
Confira aqui as principais discussões do CROI 2025!
Autoria

Isabel Cristina Melo Mendes
Infectologista pelo Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ) ⦁ Graduação em Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro
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