Além da possível gravidade e letalidade, a infecção por SARS-CoV-2 tem mostrado um potencial para gerar sintomas tardios e prolongados. A presença desse conjunto de condições vem sendo cada vez mais reconhecida, ganhando a denominação de covid longa ou PASC.
Enquanto avanços ainda vêm sendo feitos na caracterização de covid longa em adultos, pouco ainda se sabe sobre como a síndrome se comporta em crianças e adolescentes. Resultados de um estudo avaliando essa população foram apresentados na ID Week 2022.
Métodos
Trata-se de um grande estudo de coorte, retrospectivo e multicêntrico, que envolveu oito hospitais pediátricos norte-americanos. Foram analisados dados de 58.891 crianças e adolescentes com até 21 anos de idade que testaram positivo para SARS-CoV-2 entre março de 2020 e outubro de 2021 e que tiveram pelo menos seis meses de seguimento.
Resultados: características clínicas
Os sintomas mais comumente associados a covid longa foram: alterações de olfato e paladar, queda de cabelo, dor torácica, alterações de enzimas hepáticas e dor generalizada. Já as condições clínicas mais frequentes incluíram: miocardite, síndrome respiratória aguda, miosite, tratamento para saúde mental e desordens dos dentes e gengiva.
Resultados: fatores de risco
O estudo também procurou avaliar possíveis fatores de risco para o desenvolvimento de covid longa nesse grupo etário. Quadro agudo grave (HR = 2,15; IC 95% = 1,95 – 2,36), idade < 5 anos (HR = 1,87; IC 95% = 1,84 – 1,89) e presença de doenças crônicas complexas (HR = 3,43; IC 95% = 3,40 – 3,48) foram encontradas como relacionados de forma independente ao desenvolvimento da síndrome.
Mensagens práticas
- Nesse grande estudo retrospectivo, crianças pequenas, com comorbidades e com quadro inicial grave parecem estar sob maior risco de desenvolvimento de covid longa.
- Covid longa em crianças e adolescentes pode se apresentar com a presença de sinais e sintomas e com alterações laboratoriais, o que é infrequente em adultos.
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