Logotipo Afya
Anúncio
Infectologia21 outubro 2022

ID Week 2022: Novas orientações sobre otite média aguda

Sessão do congresso internacional de infectologia discutiu guidelines sobre tratamento da doença em crianças e adultos.

Otite média aguda (OMA) é uma condição comum em crianças e uma das principais causas de prescrição de antibióticos nessa faixa etária. Estima-se que, até os 3 anos, cerca de 60% das crianças já tenham tido pelo menos um e 24%, pelo menos três episódios de OMA. 

Os guidelines clássicos sugerem prescrição imediata de antibióticos diante de um diagnóstico de OMA, sendo que as diretrizes norte-americanas recomendam amoxicilina como esquema de primeira linha e amoxicilina ou clavulanato como segunda opção. O tempo de tratamento varia com a idade, podendo ir de cinco a dez dias. 

Entretanto, observa-se que as recomendações são pouco seguidas na prática clínica, com prescrição frequente de antibióticos considerados de amplo espectro e por tempo prolongado, independentemente da idade. Além disso, evidências mais recentes sugerem que, mesmo as orientações dos guidelines vigentes, podem ser excessivas. 

Uma das sessões do ID Week 2022 discutiu justamente esse aspecto, abordando novas informações que podem ser incorporadas na prática clínica. 

Veja os destaques

  • Apesar de comum, o diagnóstico de OMA é frequentemente inadequado, com 30 – 50% de diagnósticos errados, e 40% dos diagnósticos é feito por não pediatras. 
  • O uso de antibióticos está relacionado a uma alta frequência de eventos adversos. Estima-se que esses estejam presentes em 25% dos que utilizam antimicrobianos de espectro estrito e em 36% dos que estão em uso de antibióticos de amplo espectro. 
  • Além disso, o uso de antibióticos está associado a um maior risco do desenvolvimento de doenças crônicas e maior risco de infecção por Clostridioides difficile. 
  • Observação estrita, sem prescrição de antibióticos, é uma conduta que pode ser adotada na maioria dos casos. Estima-se que, das crianças diagnosticadas com OMA, 30 – 50% não precisam de antibiótico e 50-86% têm resolução dos sintomas em até 7 dias, mesmo sem prescrição de antibióticos. 
  • Uma meta-análise comparando uso de antibiótico com placebo mostrou que 60% das crianças apresentavam melhora dos sintomas nas primeiras 24h, independente do antibiótico. A análise final mostrou que não houve diferença na satisfação dos pais em relação ao tratamento, mas o grupo placebo apresentou menos eventos adversos. 
  • As evidências também apoiam durações menores de tratamento, sendo 5 dias o suficiente na maior parte dos casos. Tempos curtos de terapia antibiótica não estão associados a maior incidência de complicações relacionadas à OMA, como mastoidite, e apresentam alto índice de resolução de sintomas. 

Mensagens práticas 

Diante de um diagnóstico de OMA em crianças, observação estrita é uma conduta adequada na maioria dos casos, sem necessidade de prescrição imediata de antimicrobianos. 

Para que essa estratégia seja adotada com segurança, é importante assegurar-se de adequada orientação em relação a sinais e sintomas de alarme e de que, caso haja necessidade, a criança poderá ser reavaliada prontamente. 

Anúncio

Assine nossa newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Ao assinar a newsletter, você está de acordo com a Política de Privacidade.

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Referências bibliográficas

Compartilhar artigo