Os novos guidelines da Organização Mundial de Saúde (OMS) apresentados no IAS 2025, também discutem outros aspectos importantes no cuidado de pessoas vivendo com HIV, trazendo novas recomendações em relação à profilaxia pós-natal de crianças expostas ao HIV e à coinfecção com Mpox.
Confira as principais atualizações:
Profilaxia pós-natal e medidas de prevenção de transmissão vertical
Dois pilares permanecem inalterados:
– Terapia antirretroviral (TARV) deve ser iniciada de forma urgente em todas as gestantes e lactantes vivendo com HIV, mesmo se forme identificadas tardiamente, porque reduzir a carga viral materna é a forma mais eficaz de prevenir a transmissão vertical de HIV.
– Estratificação de risco no momento do parto para ajudar a identificar crianças com baixo ou alto risco para infecção pelo HIV. São consideradas crianças de alto risco aquelas:
- Nascidas de mulheres vivendo com HIV com < 4 semanas de início de TARV antes do parto
- Nascidas de mulheres vivendo com HIV com CV > 1000 cópias/mL
- Nascidas de mulheres com infecção incidente por HIV durante gestação ou amamentação
- Nascidas de mulheres com diagnóstico de infecção pelo HIV no período pós-parto, independente de resultado de teste de HIV no período pré-natal.
– Para todas as crianças de baixo risco expostas ao HIV, o novo guideline recomenda profilaxia com nevirapina (NVP) por 6 semanas, com dolutegravir (DTG) ou lamivudina (3TC), também por 6 semanas, como alternativas.
– Para as crianças de alto risco, a OMS recomenda profilaxia com um regime de 3 drogas: abacavir (ABC), lamivudina (3TC) e dolutegravir (DTG) por 6 semanas.
– Para as crianças de alto risco que são amamentadas, a OMS recomenda continuar profilaxia com NVP durante o período de amamentação ou, no mínimo, até a mãe alcançar níveis indetectáveis de CV. DTG e 3TC são alternativas nessa situação.
– As recomendações para uso de TG aplicam-se somente a crianças a termo (> 37 semanas).
– No contexto de CV materna indetectável e profilaxia pós-natal nos recém-nascidos, o risco de transmissão vertical de HIV é muito baixo e, em cenários em que o risco de desnutrição é muito alto, a OMS já recomendava amamentação.
– No novo guideline, a OMS recomenda que, no contexto em que a substituição da alimentação do recém-nascido de mãe vivendo com HIV é a política oficial, amamentação seja oferecida como opção para as mulheres em uso regular de TARV e com CV indetectável (decisão informada e medidas de apoio à escolha da mulher devem ser fornecidos).
Leia mais: IAS 2025 – Novas recomendações da OMS para tratamento de HIV e PrEP
HIV e Mpox
– Pessoas vivendo com HIV (PVHIV) têm risco maior de mortalidade para todas as causas comparadas com pessoas sem infecção pelo HIV no contexto de Mpox.
– PVHIV e baixa contagem de CD4 têm maior risco de desenvolver Mpox grave.
– A OMS recomenda o início rápido de TARV em PVHIV com Mpox que sejam virgens de tratamento ou que tenham tido interrupção prolongada de TARV, preferencialmente em até 7 dias.
– Recomenda-se testagem de HIV em pessoas com casos suspeitos ou confirmados de Mpox.
– Em PVHIV que já estejam em uso de TARV e que estejam com CV indetectável, recomenda-se manter o tratamento sem interrupção ou mudanças.
O novo guideline da OMS para manejo e prevenção de infecção pelo Mpox está disponível para consulta no seguinte link: https://www.who.int/publications/i/item/B09434
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