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Infectologia11 março 2025

CROI 2025: O que sabemos sobre o cuidado de crianças vivendo com HIV?

O congresso dedicou uma plenária para discutir diversos aspectos da infecção por HIV em crianças.

Embora muitos avanços em relação aos cuidados de pessoas vivendo com HIV tenham sido alcançados, crianças e adolescentes ainda constituem uma população com muitos desafios. 

Com diversas particularidades, tanto fisiológicas quanto no contexto psicossocial, a cascata de cuidado exige, muitas vezes, estratégias diferenciadas das usadas com adultos para garantir diagnóstico, tratamento e adesão à terapia nessa população. 

O CROI 2025 dedicou uma plenária para esse assunto, discutindo diversos aspectos da infecção por HIV em crianças.

sono de crianças internadas

Confira os principais pontos

Embora crianças entre 0 e 14 anos sejam apenas 3% das pessoas vivendo com HIV no mundo, 12% das mortes – cerca de 76.000 – relacionadas a AIDS em 2023 aconteceram nessa faixa etária. Esses números mostram que doença avançada pelo HIV em crianças está associada a alta mortalidade, especialmente na África Subsaariana. 

Em adultos e crianças > 5 anos, a definição de doença avançada pelo HIV seja infecção estágios 3 ou 4 de acordo com a classificação da OMS ou contagem de linfócitos T-CD4 < 200 células/mm³. Já nos menores de cinco anos, todos são considerados como tendo doença avançada no momento em que apresentam clinicamente a doença ou quando retomam o cuidado. 

A mortalidade relacionada ao HIV está relacionada com a idade, sendo maior na faixa etárias abaixo dos cinco anos, principalmente nas crianças com menos de um ano. Ressalta-se que, quando essas crianças apresentam manifestações clínicas, comumente elas têm imunossupressão grave.  

Esses fatos demonstram que, além de alta mortalidade na presença de doença avançada, a infecção pelo HIV em crianças tem progressão mais rápida quando comparada a que ocorre em adultos. 

Embora a resposta à terapia antirretroviral (TARV) seja semelhante entre adultos e crianças, a apresentação clínica da doença não é. Enquanto meningite criptocócica é uma infecção oportunista comum em adultos, é pouco encontrada em crianças. Já em crianças com infecção pelo HIV, pneumonia e sepse bacteriana são frequentes e importantes causas de morte. 

Algumas condições pediátricas específicas estão associadas a mortalidade intra e extra-hospitalar em crianças vivendo com HIV e devem chamar a atenção daqueles que prestam cuidados a essa população: 

  • Encefalopatia: mais frequente e mais grave em crianças.
  • Anemia: significativamente associado a mortalidade; 
  • Desnutrição: associação com mortalidade pós-hospitalização.

Em um estudo avaliando preditores de mortalidade em crianças e adolescentes vivendo com HIV e que iriam iniciar TARV, a presença de desconforto respiratório, palidez, desnutrição, atraso de desenvolvimento, candidíase oral e anemia foram fatores de risco para óbito. 

A mortalidade pós-hospitalização dessa população é alta e especial atenção deve ser dada ao seguimento dessas crianças. 

Para diminuir a mortalidade em crianças vivendo com HIV, os palestrantes destacam alguns pontos: 

1) Identificação precoce de infecção por HIV para prevenir doença avançada. Para isso, algumas estratégias possíveis são:

  • Testagem sistemática de gestantes a cada três meses e no momento do parto;
  • Acompanhamento de mães HIV negativos em países de alta prevalência de infecção pelo HIV, com novas testagens na visita de vacinação do recém-nascido e a cada três meses durante o período de amamentação;
  • Uma vez que muitas das infecções perinatais ocorrem por amamentação após infecções maternas no pós-parto, uma possível estratégia seria o rastreio universal de crianças após o período de amamentação;
  • Identificar precocemente sinais de infecção e doença avançada pelo HIV em crianças. 

2) Manejo adequado de crianças que já tem doença avançada, incluindo rastreio de infecções oportunistas:

  • Rastreio de TB, tanto por algoritmo clínico, radiografia e testes microbiológicos, se disponíveis, quanto com o uso de TB-LAM;
  • Como infecção criptocócica é menos comum em crianças, o rastreio para essa doença é recomendado somente a partir dos 10 anos. 

3) O início precoce de TARV tem impacto significativo na sobrevivência. Para crianças que não recebem tratamento, a sobrevivência aos 2 anos é de 50%. Já os que iniciam tratamento até cinco meses de idade, a sobrevivência aos dois anos é de 67%. Para os que começam TARV até oito semanas, a sobrevivência aos dois anos é de 96%.

Confira aqui as principais discussões do CROI 2025!

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