Nas últimas semanas, foi detectada transmissão local do novo coronavírus em duas cidades brasileiras, mudando o momento epidemiológico do país. Dessa forma, espera-se um aumento no número de casos suspeitos e confirmados nos próximos dias e semanas.
Coronavírus: orientações para profissionais
Sendo a linha de frente do enfrentamento da epidemia, é importante que os profissionais de saúde estejam orientados sobre como proceder tanto nas rotinas de atendimento quanto na presença de sintomas suspeitos. A seguir, algumas medidas práticas que podem orientar as condutas dos que estão envolvidos no atendimento.
1. Triar, identificar e isolar
Estabelecer uma boa triagem para identificação precoce de casos suspeitos da Covid-19 é essencial para reduzir a possibilidade de disseminação do vírus. Idealmente, pacientes com sintomas respiratórios agudos e febre devem ser identificados logo na chegada à unidade de saúde, receber máscara cirúrgica e serem direcionados para áreas com menor circulação possível de pessoas.
2. Uso de EPI
O uso correto de EPI é uma das estratégias para proteção dos profissionais de saúde. Pacientes com Covid-19 devem ser colocados em medidas de precaução respiratória por gotículas e por contato. Caso seja necessária a realização de procedimentos que gerem aerossóis, a precaução respiratória passa a ser por aerossol. Dessa forma, os EPI recomendados variam de acordo com o nível de assistência:
- Profissionais da triagem (sem contato físico): máscara cirúrgica;
- Atendimento sem procedimentos geradores de aerossóis: máscara cirúrgica, luvas, capote, óculos de proteção. O Ministério da Saúde também recomenda gorro;
- Atendimento com procedimentos geradores de aerossóis (nebulização, aspiração de vias aéreas, VNI, intubação de vias aéreas, indução de escarro, broncoscopia): máscara N95, luvas, capote, óculos de proteção. O Ministério da Saúde também recomenda gorro.
Atenção especial deve ser dada no momento da retirada dos EPI para evitar a contaminação das mãos e mucosas.
3. Higienização das mãos
Intensificar a higienização das mãos é uma das medidas mais efetivas para a prevenção de disseminação das doenças. Além dos clássicos cinco momentos, o profissional deve higienizar as mãos durante a retirada dos EPI e após tocar superfícies que podem estar contaminadas. Pacientes também devem ser orientados a lavar as mãos com frequência.
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4. Notificação
Até recentemente, todos os casos suspeitos deveriam ser notificados. Com a mudança no contexto epidemiológico, somente casos com necessidade de internação e/ou casos graves devem ser notificados. A notificação é obrigatória e imediata e deve ser feita de forma eletrônica, neste link.
5. Na presença de sintomas
Não existem recomendações oficiais específicas para os profissionais de saúde que apresentem sintomas compatíveis com Covid-19. Entretanto, a recomendação para a população geral é que casos leves sejam afastados e colocados em isolamento domiciliar por 14 dias. A realização de teste diagnóstico nos profissionais permitiria em tese diminuir o tempo de afastamento, mas essa política de testagem não é recomendada pelo Ministério da Saúde até o momento. A notificação de casos suspeitos segue os mesmos critérios que os para a população geral.
Caso suspeito (contato com caso confirmado nos últimos 14 dias + febre ou sintomas respiratórios OU febre E sintomas respiratórios + área de transmissão local nos últimos 14 dias) | Casos que não são considerados suspeitos de COVID-19 | Casos sem sinais de gravidade confirmados por PCR | Observações:
– Sintomas respiratórios incluem tosse, coriza, congestão, odinofagia, dor de garganta e dispneia – As áreas consideradas de transmissão local podem variar conforme evolução da epidemia – Não há recomendação para interromper amamentação; lactantes com casos confirmados ou suspeitos devem usar máscara cirúrgica durante os cuidados com o recém-nascido – Pacientes e profissionais assintomáticos devem ser vacinados contra Influenza, principalmente se parte de grupos prioritários | |||
Sintomático leve | Sintomático com sinais de gravidade (SRAG) | Assintomáticos | Sintomáticos não considerados suspeitos | |||
Profissional de saúde | Isolamento domiciliar (14 dias). Testar se possível. Máscara cirúrgica se necessário sair de casa. Procurar atendimento se sintomas de gravidade. | Internação hospitalar | Medidas básicas (manter distância de 1m entre as pessoas, higienizar as mãos, etiqueta de tosse). Uso correto de EPI conforme nível de assistência | Medidas básicas (manter distância de 1m entre as pessoas, higienizar as mãos, etiqueta de tosse). Seguir recomendações locais para sintomáticos respiratórios | Isolamento domiciliar (14 dias). Testar se possível. Máscara cirúrgica se necessário sair de casa. Procurar atendimento se sintomas de gravidade. | |
Não profissional da saúde | Isolamento domiciliar (14 dias). Máscara cirúrgica se necessário sair de casa. Procurar atendimento se sintomas de gravidade. | Internação hospitalar | Medidas básicas (manter distância de 1m entre as pessoas, higienizar as mãos, etiqueta de tosse) | Medidas básicas (manter distância de 1m entre as pessoas, higienizar as mãos, etiqueta de tosse). Seguir recomendações locais para sintomáticos respiratórios | Isolamento domiciliar (14 dias). Máscara cirúrgica se necessário sair de casa. Procurar atendimento se sintomas de gravidade. |
Lembrando que as recomendações oficiais podem variar entre cidades e mesmo entre instituições. O ideal é que cada profissional consulte o plano de contingência de sua instituição para saber os fluxos específicos de atendimento para os casos suspeitos de Covid-19 e as políticas de atendimento dos profissionais.
Com colaboração de:
Referências bibliográficas:
- Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Tratamento do Novo Coronavírus (2019-nCoV). Brasília – DF. 2020
- Ministério da Saúde. Notificações de casos serão feitas automaticamente pelos estados. Disponível em: https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/46554-notificacoes-de-casos-serao-feitas-automaticamente-pelos-estados
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