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Infectologia8 setembro 2021

Anticorpos monoclonais BRII-196/BRII-198 para Covid-19

O uso de anticorpos neutralizantes contra SARS-CoV-2 já foi estudado previamente, sendo autorizado para uso ambulatorial precoce.

Mais de um ano após o início da pandemia pelo SARS-CoV-2, ainda existem poucas opções terapêuticas contra casos confirmados de Covid-19. Dentre as propostas de pesquisas, o uso de medicamentos voltados para populações de risco — como os indivíduos idosos, hipertensos, diabéticos ou imunossuprimidos — ganhou mais dois novos candidatos promissores.

O uso de anticorpos neutralizantes contra SARS-CoV-2 já foi estudado previamente, sendo autorizado para uso ambulatorial precoce em pacientes com diagnóstico confirmado, com doença leve, mas que possuam fatores de risco para doença grave. A combinação de casirivimabe e imdevimabe (REGEN-COV) tem autorização emergencial pela agência norte-americana Food & Drug Administration (FDA) para uso terapêutico e como profilaxia pós-exposição.

Leia também: REGEN-COV mostra redução de hospitalizações em indivíduos de alto risco com Covid-19

Os resultados preliminares de um estudo duplo-cego multicêntrico internacional mostram resultados promissores de uma nova combinação de anticorpos monoclonais neutralizantes na redução de hospitalização e morte em pacientes com Covid-19, podendo constituir mais uma opção para o tratamento dessa condição.

Anticorpos

Materiais e métodos

Os anticorpos monoclonais BRII-196/BRII-198 foram avaliados em fase 2/3 como um dos braços do ensaio multiplataforma ACTIV-2, financiado pelo National Institutes of Health (NIH). Foram incluídos 837 pacientes sintomáticos com Covid-19 confirmado laboratorialmente, sem indicação de internação, com sintomas iniciados até 10 dias antes da inclusão e que possuíam pelo menos um fator de risco para doença grave.

Os voluntários foram randomizados para receber a combinação BRII-196/BRII-198 ou placebo em infusão única e acompanhados em relação ao desfecho combinado de hospitalização e morte

Resultados

Apesar da análise dos resultados ainda estar em andamento, diante dos resultados positivos, o conselho independente de monitoramento de dados permitiu sua divulgação. Após revisão dos dados de 69% dos participantes, encontrou-se uma redução de 78% no desfecho combinado quando comparado com o grupo que recebeu placebo (RR = 0,22; IC 95% = 0,05 – 0,86; p < 0,00001). Nessa análise interina, houve redução em ambos os desfechos: 12 hospitalizações no grupo que recebeu os anticorpos vs. 45 no grupo que recebeu placebo e 1 morte no grupo que recebeu BRII-196/BRII-198 vs. 9 mortes no grupo placebo. Interessante notar que, em ambos os grupos, o número de eventos foi pequeno.

Eventos adversos ≥ 3 (em uma escala de 1 a 5, com valores crescentes conforme a gravidade) foram menos frequentes no grupo que recebeu BRII-196/BRII-198 do que no grupo placebo (3,8% vs. 13,4%, respectivamente), com poucos eventos considerados pelos pesquisadores como relacionados aos medicamentos. Não foram descritas reações infusionais graves, eventos adversos graves ou mortes em nenhum dos braços.

Saiba mais: Pesquisas de ganho de função: entenda a polêmica envolvendo a origem do SARS-CoV-2

Ao término do período de acompanhamento, dados de participantes dos EUA, Brasil, África do Sul, México, Argentina e Filipinas farão parte da análise. Estão previstas subanálises para avaliar os benefícios clínicos de acordo com o tempo de sintomas (≤ 5 vs. 6 – 10 dias) e sobre a eficácia clínica diante das diferentes variantes.

Mensagens práticas

  • Os resultados preliminares sugerem que o uso da combinação de anticorpos monoclonais BRII-196/BRII-198 esteve associado à redução de 78% no risco de hospitalização e morte em indivíduos com doença leve, mas com pelo menos um fator de risco para agravamento, quando administrado em até 10 dias de sintomas.
  • Outra combinação de anticorpos monoclonais — REGEN-COV — também mostrou benefício em população semelhante.
  • Até o momento, poucos eventos de hospitalização e morte foram relatados entre os participantes. Se os benefícios forem confirmados ao final do estudo, análises de custo-efetividade serão necessárias para avaliar a utilização desse medicamento como estratégia na saúde pública.

Referências bibliográficas:

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