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Ginecologia e Obstetrícia15 abril 2024

Hipertensão crônica na gravidez (HAC): qual o alvo da pressão arterial? 

A HAC afeta de 3% a 5% das gestações nos EUA sendo caracterizada por pressão arterial (PA) elevada prévia a gestação ou diagnosticada antes das 20 semanas.  

Com o objetivo de reduzir efeitos adversos maternos, fetais e neonatais, um recente estudo publicado no Obstetrics & Gynecology criou um modelo analítico de decisão, comparando o tratamento da HAC na gravidez para PA alvo inferior a 140/90 mmHg com o tratamento para atingir a PA menor que 160/105 mmHg através de dados de uma coorte americana. Essa era composta por 180.000 gestantes portadoras de HAC, e seus dados foram extraídos das certidões de nascimento dos Centros de controle e prevenção de doenças (CDC). 

Apesar de estudos randomizados como CHAP (Chronic Hypertension and Pregnancy) mostrarem que a meta de uma PA inferior a 140/90 mmHg está associada a melhores resultados na gravidez, sem aumento no risco de resultados adversos, os efeitos sobre a população e as implicações econômicas dessa estratégia permaneciam desconhecidos.  

Probabilidades e custos foram derivados da literatura e variaram nas análises de sensibilidade. Os desfechos primários incluíram custo incremental por ano de vida ajustado pela qualidade (QALY) do ponto de vista materno, casos de pré-eclâmpsia, pré-eclâmpsia com características graves, morbidade materna grave, nascimento pré-termo, morte materna, neonatal e atraso no desenvolvimento neurológico.  

Os QALYs foram calculados aplicando utilidades ao período de tempo associado a um estado ou cenário de saúde específico. Os utilitários variam de 0 a 1, sendo 0 representando a morte e 1 um estado de saúde ideal. O limite de custo-efetividade foi de 100.000 dólares por QALY. 

Leia também: Gestantes asmáticas tem maiores riscos de resultados neonatais adversos?

Hipertensão crônica na gravidez (HAC): qual o alvo da pressão arterial? 

Imagem de Freepik

Resultados e Discussão  

A partir do tratamento da HAC com PA leve em comparação a PA grave (43.953 X 58.130), foram contabilizados 14.177 casos a menos de pré-eclâmpsia.  

O tratamento com um alvo terapêutico inferior resultou em 22.000 casos de parto pré-termo, enquanto no grupo de tratamento com valores padrão, os casos corresponderam a 30.078. Em consequência dessa diferença, podemos observar menos 26 mortes neonatais (276 X 302) e 157 menos casos de atraso no desenvolvimento neurológico (661 X 818). Os casos de morbidade materna grave reduziram 817 (4.475 X 5.195), possibilitando também uma redução de 18 casos de morte materna (102 X 120).  

O tratamento da HAC a partir de um limiar mais baixo foi uma estratégia dominante que resultou em uma redução de custos em 100% dos ensaios, representando uma diminuição dos custos de 600 milhões de dólares e um aumento da eficácia de 12.852 QALYs. 

Vale citar que estudos anteriores, como o CHIPS (Control of Hypertension in Pregnancy Study), indicaram que o tratamento da hipertensão em um limiar mais baixo poderia elevar as taxas de fetos abaixo do percentil 10, resultados esses, que não foram observados no ensaio CHAP. 

Saiba mais: O impacto do tabagismo na fertilidade feminina e nos resultados da gravidez

HAC: mensagens práticas 

Como fatores limitantes, os autores citam a dificuldade do modelo em incluir todos os resultados adversos possíveis e a mudança recente na literatura da definição de HAC fora da gravidez para uma meta de 130/80 mmHg, diferente da considerada neste estudo. O estudo reforça a importância do tratamento com prioridade para gestantes negras, que são acometidas em maior número pela HAC.  

Os autores apoiam a adoção de um regime de tratamento para manter a pressão arterial inferior a 140/90 mmHg para gestantes com hipertensão crônica, reduzindo assim os custos, com obtenção de melhores resultados maternos e neonatais.

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Referências bibliográficas

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