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Ginecologia e Obstetrícia23 agosto 2025

SOGESP 2025: Infecções Genitais na Mulher: o Estado da Arte

Durante o SOGESP 2025 especialistas em infecções genitais debateram os avanços no diagnóstico e tratamento dessas enfermidades
Por Sérgio Okano

Durante a 30ª edição do Congresso Paulista de Obstetrícia e Ginecologia da SOGESP, a mesa “Infecções genitais na mulher: o estado da arte” foi apresentada como Top Tema, reunindo especialistas para discutir avanços no diagnóstico e tratamento dessas condições.

Microbiota vaginal

O prof. Paulo Giraldo, professor titular da Unicamp, abordou o tema “Microbioma e outros exames: quando solicitar e como interpretar”. Destacou que a avaliação da microbiota vaginal é uma área emergente na ginecologia e que deve ser feita de forma racional, considerando a diversidade de exames disponíveis atualmente. Ressaltou o uso de tecnologias como os microarrays, capazes de identificar microrganismos e partículas em painéis amplos. Relembrou ainda o estudo de Ravel et al. (2011), que classificou cinco ecossistemas vaginais:

  • Tipo I – rico em Lactobacillus;
  • Tipos II e III – pobres em Lactobacillus;
  • Tipo IV – associado a maior risco de infecções por IST; e
  • Tipo V – com predomínio de Lactobacillus jensenii.

Giraldo destacou que a composição da flora varia ao longo da vida, desde os primeiros meses até o menacme.

Uretrites/cervicites

A prof. Andrea Tristão, responsável pelo setor de colposcopia da UNESP, discutiu as uretrites e cervicites, tanto infecciosas quanto não infecciosas. Explicou que as uretrites/cervicites infecciosas podem ser gonocócicas ou não gonocócicas, diagnosticadas por swab uretral ou exame de urina. No caso das cervicites, cerca de 50% dos casos estão relacionados à infecção por Chlamydia trachomatis (sorotipos D a K) e Neisseria gonorrhoeae, com diagnóstico confirmado por testes de biologia molecular (NAAT). O CDC recomenda rastreio em mulheres com menos de 25 anos, em gestantes na primeira consulta pré-natal e em pacientes com fatores de risco. O tratamento indicado para cervicite não gonocócica é a doxiciclina 100 mg VO 12/12h por 7 dias, com controle de cura em 3 meses. Nos casos de Mycoplasma genitalium, além do uso da doxiciclina por 7 dias, recomenda-se o complemento com moxifloxacino 400 mg VO 1x/dia por 7 dias além. Para uretrites e cervicites gonocócicas, o tratamento padrão continua sendo ceftriaxona em dose única mínima de 500 mg IM.

Candidíase/vaginose e ISTs

A prof. Iara Linhares, pesquisadora do setor de Medicina Tropical da USP, apresentou a abordagem da candidíase recorrente (CR) e da vaginose bacteriana (VB) recorrente. Destacou que o diagnóstico da CR requer detecção do fungo e diferenciação de quadros como citólise e vaginite alérgica, utilizando avaliação clínica, cultura ou NAAT. O tratamento supressivo pode ser feito com fluconazol 150 mg três vezes por semana, seguido de uso semanal por seis meses, ou com clotrimazol creme 1% (5g) por 14 noites, seguido de aplicação duas vezes por semana por seis meses. Sobre a VB, ressaltou que se trata de uma disbiose polimicrobiana, com evidências epidemiológicas de possível transmissão sexual. O diagnóstico ainda se baseia nos critérios de Amsel ou de Nugent (Gram), já que técnicas moleculares não têm impacto significativo. O tratamento indicado é metronidazol 500 mg VO 2x/dia por 7 dias, podendo ser seguido de metronidazol gel 5% 2x/semana por 4 a 6 meses em casos recorrentes.

Encerrando a mesa, o prof. Eduardo Coscia, da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba, discutiu o manejo da sífilis e do herpes genital. Em ambas as doenças, o diagnóstico é essencialmente clínico, baseado na presença de úlceras, podendo ser confirmado por PCR da lesão. Coscia reforçou que não há atualizações recentes no tratamento dessas infecções.

SOGESP 2025: Acompanhe a cobertura do Portal Afya

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