O Serviço Nacional de Saúde Britânico (NHS) começou a aplicar, na última segunda-feira, 4 de agosto, uma vacina inédita contra a gonorreia. O Departamento de Saúde e Assistência Social inglês (DHSC) confirmou que clínicas de saúde sexual já estão autorizadas a oferecer a vacina gratuitamente.
No início deste ano, o NHS já havia divulgado que iniciaria a aplicação da vacina no início de agosto, em resposta ao número recorde de casos de gonorreia no país e do aumento de cepas resistentes a antibióticos. A doença é a segunda infecção sexualmente transmissível bacteriana mais comum no Reino Unido e sua contaminação ocorre por contato sexual. Segundo Ashley Dalton, ministra da saúde pública e prevenção da Inglaterra, a vacina representa um grande avanço na prevenção da infecção e vai combater diretamente a ameaça das variações resistentes a antibióticos.
Quem poderá receber a vacina contra gonorreia?
A vacina será oferecida gratuitamente a pessoas com maior risco de contrair a doença, como homens gays e bissexuais com histórico recente de múltiplos parceiros sexuais e infecções bacterianas nos últimos 12 meses.
Esse imunizante é baseado em outro já existente, o 4CMenB, criado para prevenir meningite tipo B. No entanto, a eficácia dessa vacina já existente gira em torno de 32,7% a 42% quando se trata de gonorreia, ou seja, ela não elimina completamente o risco da infecção.
Uma análise feita Imperial College London mostrou que a vacinação pode prevenir mais de 100.000 casos de gonorreia e economizar mais de £7.9m ao NHS nos próximos 10 anos. Durante a vacinação contra a gonorreia, também serão oferecidas vacinas contra Mpox, HPV e hepatites A e B.
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Panorama brasileiro
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a gonorreia foi responsável por aproximadamente 82,4 milhões de casos de ISTs em adultos no mundo todo em 2020. Já no Brasil, a gonorreia não é considerada um agravo de notificação compulsória. De acordo com o Ministério da Saúde, na população brasileira de 15 a 49 anos, estima-se uma prevalência de Neisseria gonorrhoeae de 0,70% (0,16-2,44) em homens e 0,63 (o,13-2,23) em mulheres.
Dados do Ministério da Saúde mostraram que, em 2020, mais de um milhão de pessoas foram contaminadas por clamídia, gonorreia e outras ISTs curáveis. O Brasil já faz parte do programa mundial de vigilância da sensibilidade do gonococo aos antimicrobianos (GASP, em inglês), que busca controlar a disseminação e o impacto da resistência antimicrobiana da bactéria N. gonorrhoeae.
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Além disso, em 2023, durante o Congresso Mundial de Infecções Sexualmente Transmissíveis – IST e HIV, nos Estados Unidos, o Brasil foi convidado a integrar o programa “Enhanced Gonococcal Antimicrobial Surveillance Programme” (EGASP), em português, Programa Ampliado de Vigilância Antimicrobiana Gonocócica. O programa permiti uma colaboração internacional na prevenção e controles das ISTs, além de proporcionar troca de conhecimentos entre especialistas de todo o mundo.
Sem a oferta da vacina no Brasil ainda, a melhor forma de prevenir a gonorreia é o uso de preservativo interno ou externo. O Ministério da Saúde indica que ao sinal de qualquer presença de sintomas de IST, o recomendado é buscar atendimento médico para diagnóstico e indicação de tratamento adequado.
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