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Ginecologia e Obstetrícia7 fevereiro 2023

Risco de complicações maternas e neonatais no uso do fórceps de Kielland

Revisão analisou 13 estudos para estimar os riscos de complicações maternas e neonatais após o uso do fórceps de Kielland.

Distocia de rotação no trabalho de parto é um termo usado para descrever um feto em apresentação cefálica com o occipício fetal em posição transversa (OT) ou posterior (OP) em relação à coluna vertebral materna. Existem essencialmente quatro opções de ultimar o parto via vaginal diante dessa distocia, que incluem parto com fórceps de rotação de Kielland, parto com vácuo-extrator rotacional, parto instrumental não rotacional com ou sem rotação manual ou cesariana. Não há ensaios clínicos randomizados (RCTs) comparando os riscos de complicações maternas e neonatais entre o uso do fórceps de Kielland com qualquer uma das opções de manejo mencionadas acima e as evidências para a prática clínica são baseadas em pequenas séries de casos e estudos observacionais.

Um estudo publicado recentemente na revista BJOG por um grupo de autores ingleses teve como objetivo realizar uma revisão sistemática e meta-análise para estimar os riscos de complicações maternas e neonatais após o uso do fórceps de Kielland em comparação as outras três opções descritas.

Risco de complicações maternas e neonatais no uso do fórceps de Kielland

Principais resultados

Foram incluídos nessa revisão 13 estudos.

  • Para hemorragia pós-parto, não houve diferença significativa entre Kielland e vácuo extração; a taxa foi menor em Kielland em comparação com fórceps não rotacional (RR 0,79 [IC 95%: 0,65-0,95]) e cesárea (RR 0,45 [IC 95%: 0,36-0,58]).
  • Não houve diferenças nas taxas de lesões do esfíncter anal ou admissão em terapia intensiva neonatal.
  • As taxas de distocia de ombro foram maiores com Kielland em comparação com o vácuo-extrator (RR 1,79 [IC 95%: 1,08-2,98]), mas as taxas de trauma de parto neonatal foram menores (RR 0,49 [IC 95%: 0,26-0,91]).
  • Não foram observadas diferenças nas taxas de pontuação de APGAR de 5 minutos (<7) entre Kielland e outros partos instrumentais, mas foram menores quando comparadas a cesárea (RR 0,47 [95% CI: 0,23-0,97]).

Leia também: Vácuo extrator ou cesariana no segundo estágio de parto?

Conclusões

Fórceps de rotação de Kielland é uma opção de manejo segura para distocia de rotação. O declínio no uso de fórceps rotacional deve-se principalmente à associação relatada com complicações neonatais com base em pequenos estudos de casos publicados décadas atrás. É importante que obstetras estejam cientes da segurança do procedimento e estejam atentos a importância do treinamento em simulações e pela supervisão direta de operadores experientes.

Autoria

Foto de Ênio Luis Damaso

Ênio Luis Damaso

Doutor em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Universidade Nove de Julho de Bauru (UNINOVE).

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Referências bibliográficas

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