Distocia de rotação no trabalho de parto é um termo usado para descrever um feto em apresentação cefálica com o occipício fetal em posição transversa (OT) ou posterior (OP) em relação à coluna vertebral materna. Existem essencialmente quatro opções de ultimar o parto via vaginal diante dessa distocia, que incluem parto com fórceps de rotação de Kielland, parto com vácuo-extrator rotacional, parto instrumental não rotacional com ou sem rotação manual ou cesariana. Não há ensaios clínicos randomizados (RCTs) comparando os riscos de complicações maternas e neonatais entre o uso do fórceps de Kielland com qualquer uma das opções de manejo mencionadas acima e as evidências para a prática clínica são baseadas em pequenas séries de casos e estudos observacionais.
Um estudo publicado recentemente na revista BJOG por um grupo de autores ingleses teve como objetivo realizar uma revisão sistemática e meta-análise para estimar os riscos de complicações maternas e neonatais após o uso do fórceps de Kielland em comparação as outras três opções descritas.
Principais resultados
Foram incluídos nessa revisão 13 estudos.
- Para hemorragia pós-parto, não houve diferença significativa entre Kielland e vácuo extração; a taxa foi menor em Kielland em comparação com fórceps não rotacional (RR 0,79 [IC 95%: 0,65-0,95]) e cesárea (RR 0,45 [IC 95%: 0,36-0,58]).
- Não houve diferenças nas taxas de lesões do esfíncter anal ou admissão em terapia intensiva neonatal.
- As taxas de distocia de ombro foram maiores com Kielland em comparação com o vácuo-extrator (RR 1,79 [IC 95%: 1,08-2,98]), mas as taxas de trauma de parto neonatal foram menores (RR 0,49 [IC 95%: 0,26-0,91]).
- Não foram observadas diferenças nas taxas de pontuação de APGAR de 5 minutos (<7) entre Kielland e outros partos instrumentais, mas foram menores quando comparadas a cesárea (RR 0,47 [95% CI: 0,23-0,97]).
Leia também: Vácuo extrator ou cesariana no segundo estágio de parto?
Conclusões
Fórceps de rotação de Kielland é uma opção de manejo segura para distocia de rotação. O declínio no uso de fórceps rotacional deve-se principalmente à associação relatada com complicações neonatais com base em pequenos estudos de casos publicados décadas atrás. É importante que obstetras estejam cientes da segurança do procedimento e estejam atentos a importância do treinamento em simulações e pela supervisão direta de operadores experientes.
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