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Ginecologia e Obstetrícia22 dezembro 2025

Rezafungina semanal comparada à caspofungina diária: análise do estudo ReSTORE 

Estudo de fase 3, duplo-cego, randomizado, comparou rezafungina e caspofungina em pacientes com candidemia e/ou candidíase invasiva
Por Camila Rangel

A candidíase invasiva e a candidemia permanecem como desafios clínicos relevantes, associando-se a elevada morbimortalidade em pacientes hospitalizados e críticos. As equinocandinas são recomendadas como primeira linha terapêutica, mas o surgimento de espécies resistentes, como Candida glabrata e Candida auris, reforça a necessidade de novos agentes antifúngicos. A rezafungina, uma equinocandina de nova geração, apresenta meia-vida prolongada e permite administração semanal, característica que pode otimizar a logística terapêutica e favorecer a adesão. 

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Metodologia 

O estudo ReSTORE, fase 3, duplo-cego, randomizado e controlado por placebo, comparou rezafungina (400 mg no dia 1, seguida de 200 mg semanalmente) com caspofungina (70 mg no dia 1, seguida de 50 mg diariamente) em adultos com candidemia ou candidíase invasiva. A análise incluiu também a extensão conduzida na China, ampliando a diversidade populacional. 

Os desfechos primários foram mortalidade por todas as causas em 30 dias e cura global em 14 dias, definida por critérios clínicos, radiológicos e microbiológicos. Nos casos em que havia critérios para descalonamento da terapia, os pacientes podiam ser transferidos para fluconazol após pelo menos três dias de tratamento intravenoso (ou conforme a duração mínima recomendada pelas diretrizes locais). Ao todo, foram incluídos 246 pacientes (122 rezafungina; 124 caspofungina). 

Resultados: Rezafungina semanal comparada à caspofungina diária 

Além dos desfechos primários, foram avaliados: cura global no dia 5, erradicação micológica nos dias 5 e 14, cura clínica nos dias 5 e 14, percentual de pacientes com hemoculturas negativas em 24 e 48 horas após a primeira dose, tempo até a primeira hemocultura negativa, além de admissões hospitalares e em UTI. 

  • Espécies isoladas: Candida albicans foi a mais frequente (>40%), seguida de C. glabrata e C. tropicalis. 
  • Mortalidade em 30 dias: 25,2% (29/115) no grupo rezafungina versus 24,8% (29/117) no grupo caspofungina. 
  • Cura global em 14 dias: semelhante entre os grupos (rezafungina 56,5% vs. caspofungina 57,3%). 
  • Erradicação micológica no dia 5: superior com rezafungina (68,7% vs. 63,2%). 
  • Hemoculturas negativas em 24 horas: mais frequentes no grupo rezafungina. 
  • Tempo mediano para negativação: menor com rezafungina (26,5 horas) e caspofungina (38,8 horas), sugerindo resposta micológica mais rápida. 
  • Internações em UTI: taxas e tempo de permanência semelhantes entre os grupos. 

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Mensagem prática 

A análise combinada do ReSTORE e da extensão China demonstrou que a rezafungina semanal não foi inferior à caspofungina diária em termos de mortalidade por todas as causas em 30 dias e cura global em 14 dias. 

A rezafungina desponta como alternativa eficaz às equinocandinas tradicionais, com vantagens logísticas pela posologia semanal. Essa característica pode facilitar o manejo em pacientes críticos, reduzir a necessidade de hospitalização prolongada e permitir transição para tratamento ambulatorial. Além disso, sua atividade contra espécies resistentes reforça o papel estratégico no enfrentamento da candidemia e da candidíase invasiva em cenários de resistência crescente. 

Com eficácia comparável à caspofungina e perfil de segurança semelhante, a rezafungina agrega conveniência terapêutica e potencial impacto positivo na prática clínica. A incorporação desse agente representa um avanço na abordagem das infecções fúngicas invasivas, especialmente em ambientes de alta complexidade e em pacientes de alto risco.

Autoria

Foto de Camila Rangel

Camila Rangel

Médica graduada pela Universidade Federal de Juiz de Fora em 2018. Infectologista pelo Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais de 2019 a 2022. Mestra pela Faculdade de Medicina da UFMG em 2025. Infectologista do Controle de Infecção Hospitalar do HC-UFMG e Auditora Médica da Unimed Federação Minas.

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Referências bibliográficas

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