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Ginecologia e Obstetrícia11 outubro 2022

Padrões e preditores de recorrência sítio-específica no câncer do colo do útero após histerectomia radical 

A histerectomia radical com linfadenectomia pélvica é o tratamento padrão para o câncer do colo do útero em estágio inicial. 

Artigo publicado recentemente no The Journal of Obstetrics and Gynaecology Research por um grupo de estudiosos japoneses objetivaram examinar padrões e preditores de recorrência sítio-específica no câncer de colo de útero e explorar as causas de recorrência local desse câncer. 

Background 

O câncer do colo do útero é a quarta neoplasia maligna mais comum em mulheres. Estima-se que 604.127 novos casos ocorreram em todo o mundo em 2020 e 11.978 novos pacientes foram diagnosticados no Japão em 2018. O câncer do colo do útero é mais comum em mulheres jovens, com pico de incidência em seus 30 e 40 anos em muitos países. 

A histerectomia radical com linfadenectomia pélvica é o tratamento padrão para o câncer do colo do útero em estágio inicial. 

Em algumas situações que se pensava o câncer ter sido ressecado curativamente ao final da cirurgia podem desenvolver recorrência local mais tarde. A recorrência pode ocorrer como resultado de células tumorais residuais após a cirurgia ou micrometástases para linfonodos ou órgãos distantes. Pouco se sabe sobre os fatores de risco que predizem o risco da primeira ocorrência em áreas locais, regionais e distantes de câncer do colo do útero após a histerectomia radical.

Leia também: Câncer de colo uterino: existe diferença na recuperação de histerectomia radical aberta ou videolaparoscópica?

Associação entre o uso de DIUs e câncer de endométrio, ovário e colo do útero

Associação entre o uso de DIUs e câncer de endométrio, ovário e colo do útero

Métodos 

O estudo envolveu 121 pacientes com câncer de colo de útero estágio IB1–IIB (FIGO 2008) que foram submetidas a histerectomia radical de 1º de janeiro de 2002 a 31 de dezembro de 2011. As cirurgias foram realizadas no Hokkaido University Hospital, Sapporo, Japão. Os pacientes foram acompanhados a cada 3 meses nos primeiros 3 anos, a cada 6 meses nos anos 4-5 e a cada 12 meses a partir de então. 

Quimioterapia pós-operatória foi indicada de acordo com o risco de recorrência após a cirurgia. O risco intermediário foi definido como tumor de tamanho > 4 cm, invasão cervical profunda (> 2/3) e/ou invasão do espaço linfovascular. Alto risco foi definido como metástase linfonodal, invasão parametrial e/ou margens cirúrgicas positivas/próximas. Baixo risco foi definido como não tendo nenhum dos fatores de risco intermediário e alto de recorrência. Pacientes de risco intermediário receberam quimioterapia, enquanto aqueles de alto risco receberam quimioterapia ou radioterapia. 

O local de recidiva foi classificado em local (vaginal ou área paravaginal), regional (na área do linfonodo pélvico) e distante (na área fora da pelve incluindo os linfonodos para-aórticos, órgãos distantes, ossos, músculo e cavidade peritoneal). 

Resultados 

Dezoito pacientes desenvolveram recorrência e 15 morreram de câncer cervical. Houve 7 (5,8%) casos de recidiva local, 6 (5,0%) casos de recidiva regional e 11 (9,1%) casos de recidiva à distância. Houve um caso de recorrência combinada local e à distância e cinco casos de recorrência combinada regional e à distância. 

A recorrência local foi um evento independente da recorrência regional ou à distância. A recorrência local foi observada apenas em pacientes de alto risco, enquanto as recidivas regionais e à distância não foram ou foram menos relacionadas à categoria de risco.  

Os fatores de risco independentes para recorrência local, regional e à distância foram invasão parametrial, invasão vaginal e metástase linfonodal, respectivamente.  

A recorrência local mostrou um impacto negativo ou mais significativo na sobrevida do que a recorrência à distância.  

Entre sete pacientes com recidivas locais, cinco tiveram recidiva paravaginal. A taxa de recorrência paravaginal foi de uma em 76 doenças em estágio inicial e quatro em 45 doenças localmente avançadas. Quatro sítios de recorrência paravaginal ocorreram no lado poupador de nervo e dois no lado não poupador de nervo.  

Discussão e conclusões 

Este estudo mostrou que a invasão parametrial foi um fator de risco para recorrência local, consistente com os critérios comumente usados para alto risco. A metástase linfonodal foi fator de risco para recorrência à distância, mas não a recorrência regional. 

O estudo mostrou que a recorrência local não estava associada à recorrência regional ou à distância, e a recorrência local estava fortemente associada à classificação de risco de recorrência. Em contraste, a recorrência regional e à distância não foi ou foi menos fortemente associada a classificação de risco de recorrência. Esses achados sugerem que a recorrência local é causada por mecanismos diferentes da recorrência regional e à distância. Os fatores de risco para cada sítio de recorrência foram diferentes. 

Leia também: Impacto da histerectomia radical para câncer de colo de útero na função vesical.

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Referências bibliográficas

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