A histerectomia radical (HR) para câncer de colo do útero em estágio inicial está associada à disfunção vesical, com uma frequência relatada de 8% a 80%, o que pode afetar a qualidade de vida das mulheres submetidas a esse procedimento. Sendo assim, é importante avaliarmos técnicas cirúrgicas que possam diminuir esse evento adverso.
Em setembro de 2022 foi publicado um estudo observacional prospectivo no Journal of Minimally Invasive Gynecology, com o objetivo de examinar se a função objetiva da bexiga após histerectomia radical assistida por robô (HRR) devido câncer de colo do útero em estágio inicial está correlacionada com os resultados subjetivos relatados pelas pacientes e a qualidade de vida durante o primeiro ano após RRH.
Métodos
A função subjetiva da bexiga foi avaliada com os sintomas do trato urinário inferior feminino, além do uso do Questionário Internacional de Consulta sobre Incontinência, que avalia a Qualidade de Vida da mulher com Incontinência Urinária. A função urinária objetiva foi caracterizada com testes urodinâmicos, e os nervos ablados em RRH foram quantificados usando coloração imuno-histoquímica de biópsias dos ligamentos paracervicais, vesicouterinos e sacrouterinos ressecados. Vinte e sete mulheres foram incluídas para análise no início do estudo, duas semanas, três meses e 12 meses após a cirurgia.
Resultados
A RRH causou hipotonia da bexiga urinária (p <.05). Sendo que os resultados de disfunção miccional e de enchimento relatados pelas pacientes foram mais significativos duas semanas após a cirurgia (p <0,05), mas para a maioria das mulheres, a função da bexiga se recuperou em três meses. Os autores do artigo não encontraram nenhuma correlação com a função urinária subjetiva ou objetiva e o número de nervos ablados.
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Mensagem prática
Segundo os pesquisadores, a detecção precoce da superextensão da bexiga após RRH é primordial. Contudo, eles não chegaram a um consenso sobre o papel da cateterização vesical no pós-operatório, sendo necessário mais estudos para responder essa questão.
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