Com as altas taxas de cesariana em nosso país, a gravidez ectópica em cicatriz é uma preocupação. As pacientes que apresentam essa condição têm grandes chances de sangramento vaginal intenso e rotura uterina, com risco de histerectomia. Por isso é de extrema importância saber conduzir esses casos para diminuir a morbidade e mortalidade relacionada a eles.
Leia também: Vácuo extrator ou cesariana no segundo estágio de parto?
Em março de 2023 foi publicado um artigo no International Journal of Gynecology and Obstetrics, com o objetivo de explorar os fatores relacionados ao fracasso do tratamento da gravidez em cicatriz de cesariana (GCC) sob diferentes estratégias de tratamento.
Métodos
Os pesquisadores realizaram um estudo de coorte que incluiu 1.637 pacientes com GCC. Características incluindo idade, gravidez, paridade, curetagens uterinas anteriores, tempo desde a última cesariana, idade gestacional, diâmetro médio do saco, β-gonadotrofina coriônica humana, distância entre o saco gestacional e a camada serosa, subtipo GCC, classificação do sangue abundância de fluxo, presença de batimentos cardíacos fetais e sangramento intraoperatório foram registrados pelos autores. Quatro estratégias foram realizadas separadamente nessas pacientes.
Para a estratégia 1, todas as pacientes foram submetidas à evacuação guiada por ultrassom. Para a estratégia 2, as pacientes foram submetidas a pré-tratamento de embolização da artéria uterina (EAU) e evacuação guiada por ultrassom. Para a estratégia 3, todas as pacientes foram submetidas à evacuação guiada por histeroscopia. Para a estratégia 4, todas as pacientes foram submetidas a pré-tratamento de EAU e evacuação guiada por histeroscopia
Resultados
De acordo com os autores, os métodos de tratamento falharam em 75 pacientes com GCC e tiveram sucesso em 1.298 pacientes. A análise constatou que a presença de batimentos cardíacos fetais foi significativamente associada com falha no tratamento inicial (FTI) da estratégia 1, 2 e 4 (P < 0,05); diâmetro do saco foi associado com FTI da estratégia 1 e 2 (P < 0,05); a idade gestacional foi associada à falha do tratamento inicial da estratégia 2 (P < 0,05).
Saiba mais: Metotrexato local é eficaz no tratamento da gestação em cicatriz de cesariana?
Conclusão
Os pesquisadores concluíram que não houve diferença na taxa de falha entre evacuação guiada por ultrassom e evacuação guiada por histeroscopia para tratamento de GCC com ou sem pré-tratamento de embolização da artéria uterina. Sendo assim, não é mandatório realizar EAU previamente, pois quando aumentamos o número de procedimentos desnecessários aumentamos a morbidade da paciente.
Os autores também ressaltam que o diâmetro do saco, presença de batimentos cardíacos fetais e idade gestacional foram todos associados ao insucesso do tratamento inicial da GCC.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.