A histeroscopia é um procedimento muito frequente na prática ginecológica, tanto para fins diagnósticos quanto terapêuticos. É um procedimento relativamente seguro, com poucas complicações.
Uma das complicações é a absorção excessiva de fluído, que em poucos casos pode afetar o distúrbio hidroeletrolítico e até, raramente, ser fatal.
Uma revisão sistemática e metanálise foi publicada recentemente no Obstetrics & Gynecology. O objetivo foi avaliar quais intervenções são eficazes na redução da absorção de fluidos no momento da histeroscopia.
Métodos
O desfecho primário foi a diferença na absorção total de fluído, enquanto, os secundários foram absorção maior que um litro, fluido total usado, tempo operatório, perda de sangue, incidência de hiponatremia, incidência de complicações maiores e término prematuro do procedimento secundário ao déficit de fluído.
Resultados
A pesquisa identificou 906 estudos, 28 dos quais foram elegíveis para inclusão. Foram avaliadas as seguintes intervenções: agonista do hormônio liberador de gonadotropina (GnRH); acetato de ulipristal; vasopressina; danazol; ocitocina; e anestesia local, geral e regional.
Uma redução significativa na absorção média de fluidos foi observada em pacientes tratados no pré-operatório com danazol (2.175,7 mL, IC 95%: 2.325,4 a 226,0) e um agonista de GnRH (2.139,68 mL, IC 95%: 2.203,2 a 276,2) em comparação com pacientes em um grupo controle. O acetato de ulipristal e o tipo de anestesia não mostraram diferença.
Dados sobre tipo de anestesia e uso de vasopressina não foram passíveis de meta-análise; no entanto, quatro estudos favoreceram o uso de vasopressina sobre o controle da absorção de líquidos.
O tempo operatório foi reduzido após o tratamento pré-operatório com acetato de ulipristal (27,1 min, IC 95% 211,31 a 22,9), danazol (27,5 min, IC 95% 28,7 a 26,3) e um agonista de GnRH (23,3 min, IC 95% 25,6 a 20,98).
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Conclusão
O tratamento pré-operatório com agonistas de GnRH e danazol foram considerados eficazes na redução da absorção de fluidos e tempo operatório em uma variedade de procedimentos histeroscópicos, embora em grau modesto.
Autoria

Ênio Luis Damaso
Doutor em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Universidade Nove de Julho de Bauru (UNINOVE).
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