Uma revisão foi recentemente publicada no periódico BMC Endocrine Disorders com objetivo de avaliar o efeito dos probióticos nos parâmetros glicêmicos em mulheres grávidas com diabetes mellitus gestacional (DMG) analisando a literatura existente. Além de fornecer uma visão abrangente das evidências atuais, esclarecer os benefícios potenciais dos probióticos e identificar lacunas na literatura que requerem mais investigação.
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O DMG é uma complicação comum da gravidez, associada a riscos para mães e bebês. Alterações na microbiota intestinal, incluindo redução de bactérias benéficas e aumento de outras menos favoráveis, têm sido ligadas ao DMG, sugerindo que o manejo da microbiota pode ser uma abordagem terapêutica promissora. O uso de probióticos tem sido explorado como alternativa para melhorar a glicemia e a resistência à insulina em gestantes com DMG. No entanto, estudos clínicos e meta-análises apresentaram resultados inconsistentes, devido a diferenças nas cepas utilizadas, dosagens e características dos participantes. Apesar das incertezas, os probióticos representam uma estratégia potencial, demandando investigações mais robustas para confirmar seus benefícios e estabelecer protocolos eficazes.
Metodologia
Trata-se de uma revisão e metánalise guarda-chuva. Uma pesquisa abrangente foi realizada nas bases de dados PubMed e Scopus para identificar todas as meta-análises relevantes de ensaios clínicos randomizados publicados até julho de 2024. Os desfechos incluíram hemoglobina glicosilada (HbA1c), insulina sérica em jejum, glicemia em jejum, avaliação do modelo homeostático para resistência à insulina (HOMA-IR), índice quantitativo de verificação de sensibilidade à insulina (QUICKI), avaliação do modelo homeostático da função das células beta (HOMA-B), peptídeo C e teste oral de tolerância à glicose (TOTG).
Principais achados: probióticos no diabetes mellitus gestacional
No total, 119 estudos foram identificados pela estratégia de busca e 27 meta-análises, com um tamanho total de amostra de 33.378 participantes, foram incluídas. Em todos os estudos, a intervenção foi probióticos multicepas. O tamanho da amostra variou de 225 a 9.443 sujeitos. A dose de probióticos variou de 0,5 × 109 a 823 × 109 unidades formadoras de colônias (UFC). A duração da suplementação foi entre 6 e 14 semanas.
Os probióticos resultaram em uma diminuição significativa na glicemia de jejum, especialmente quando administrados por ≤ 7 semanas. Reduções significativas também foram observadas na insulina sérica, HOMA-IR e HOMA-B. Além disso, a suplementação com probióticos melhorou significativamente o QUICKI. Houve evidências significativas de heterogeneidade e viés de publicação. Não foram observados efeitos significativos no TOTG de 1 h, TOTG de 2 h, HbA1c e peptídeo C. Não foi observado efeito dose-específico. Essa análise indicou que os probióticos melhoraram os índices glicêmicos em pacientes com DMG.
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Conclusão dos autores
Em conclusão, esta revisão indicou que os probióticos podem oferecer efeitos benéficos sobre os índices glicêmicos em gestantes com DMG. No entanto, para generalizar esses achados de forma eficaz, mais ensaios clínicos com amostras maiores são essenciais, dada a heterogeneidade observada nos estudos atuais. Além disso, mais pesquisas são necessárias para explorar o impacto de várias cepas probióticas e seu momento ideal de intervenção em mulheres com DMG.
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