A endometriose é uma doença inflamatória benigna que pode gerar dor pélvica incapacitante e infertilidade (MARIN, 2021), interferindo diretamente na qualidade de vida da paciente. Estima-se que sua prevalência esteja entre 5 a 20% nas mulheres na menacme (CUNHA, 2021). A paciente com endometriose aparentemente possui uma ativação do sistema imunológico insuficiente, tendo dificuldade de remover tecidos similares ao endometrial fora da cavidade uterina durante a menstruação (MACHAIRIOTIS, 2021). A lesão de endometriose atrai macrófagos, células natural killer e células T citotóxicas. Essa ativação da resposta inflamatória que se segue promove a secreção de citocinas na cavidade peritoneal, o que facilita a progressão das lesões de endometriose (MACHAIRIOTIS, 2021).
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Revisão recente
Hoje trago uma revisão sistemática publicada na revista Biomedicines em janeiro de 2021, que aborda a dor pélvica das pacientes com endometriose e os mediadores inflamatórios. Esta revisão seguiu as normas do Preferred Reporting Items for Reviews and Meta-Analyses (PRISMA).
De acordo com Machairiotis (2021), os mediadores inflamatórios têm um importante papel no desenvolvimento da dor da paciente com endometriose, através da via da angiogênese e neuroangiogênese. Existe um caminho biológico complexo para que isso ocorra, ainda não totalmente compreendido. A mulher com endometriose também pode apresentar uma forma considerada maligna da doença, quando ocorre a fibrogênese (MACHAIRIOTIS, 2021). Esses estudos que correlacionam angiogenese, neuroangiogenese e fribrogenese através de respostas inflamatórias, têm como objetivo descobrir uma terapêutica adequada para o manejo da dor na paciente com endometriose.
Mensagem final
Os fatores inflamatórios que promovem a angiogênese e a neuroangiogênese são alvos promissores para o tratamento da dor inflamatória na endometriose. Especialmente, a família das quimiocinas CXC, a quimiocina fractalquina e a PGE2 têm um papel ativo na indução da dor (MACHAIRIOTIS, 2021). Além disso, a IL-1β parece ser a interleucina primária (IL), que estimula a maioria dos fatores inflamatórios que contribuem para a neuroangiogênese junto com a IL-6. Porém, o papel do Ninj1 e as proteínas BDNF precisam de uma investigação mais aprofundada (MACHAIRIOTIS, 2021).
Referências bibliográficas:
- Machairiotis, N.; Vasilakaki, S.; Thomakos, N. Inflammatory Mediators and Pain in Endometriosis: A Systematic Review. Biomedicines. 2021, 9, 54. doi: 10.3390/biomedicines9010054
- Cunha FLD, Arcoverde FVL, Andres MP, Gomes DC, Bautzer CRD, Abrao MS, Tobias-Machado M. Laparoscopic Treatment of Ureteral Endometriosis: A Systematic Review. J Minim Invasive Gynecol. 2021 Apr;28(4):779-787. doi: 10.1016/j.jmig.2020.11.022.
- Marin, M.L.C., Coelho, V., Visentainer, J.E.L. et al. Inhibitory KIR2DL2 Gene: Risk for Deep Endometriosis in Euro-descendants. Reprod. Sci. 2021;28:291–304. doi: 10.1007/s43032-020-00255-x
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