O manejo da dor na paciente com endometriose ainda é um desafio para os ginecologistas ao redor do mundo. Em torno de 10% das mulheres em idade reprodutiva são afetadas por essa patologia, 60% de adolescentes e adultas com dores pélvicas crônicas e até 50% de mulheres com infertilidade. De acordo com Rindos (2020) a excisão videolaparoscópica das lesões de endometriose diminuem as dores e melhoram a qualidade de vida das pacientes nos primeiros 6 a 12 meses após o procedimento, quando comparadas com cirurgias placebo.
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Análise recente
Em dezembro de 2020 foi publicado um estudo de coorte no Journal of Minimally Invasive Gynecology com objetivo de avaliar a melhora da dor e qualidade de vida das mulheres com endometriose. Foram selecionadas 61 mulheres com endometriose comprovadas por anatomopatológico e que foram submetidas a excisão videolaparoscópica das lesões de endometriose entre 2011 a 2015. Todos os cirurgiões retiraram as lesões visíveis com o objetivo de melhorar a dor pélvica das pacientes. As pacientes foram submetidas ao Endometriosis Health Profile Questionnaire (EHP-30) para avaliar a melhora da qualidade de vida e dor das pacientes meses após o procedimento e depois de alguns anos também. O EHP-30 é o único questionário validado e aplicável para realizar essa avaliação.
De acordo com Rindos (2020) as pacientes apresentaram uma melhora significativa nas cinco escalas do questionário EHP-30 (dor, controle e impotência, bem estar emocional, suporte social e autoestima) no primeiro mês após a videolaparoscopia, e persistiu durante o acompanhamento de seis a oito anos quando comparado com a linha de base da escala. Outro resultado importante desse estudo é a comparação entre as pacientes que foram submetidas a cirurgias com preservação uterina e as que foram submetidas a histerectomia videolaparoscopica. Ambos os procedimentos tiveram o mesmo resultado em relação a dor e qualidade de vida, portanto, a histerectomia não tem essa finalidade.
Mensagem final
O tratamento videolaparoscópico de endometriose com preservação uterina é considerado uma das melhores maneiras para controle da dor pélvica e melhora da qualidade de vida das pacientes com essa patologia. Lembrando que a terapia hormonal controla os sintomas de 80% das pacientes por apenas dois anos, além de mascarar o desenvolvimento da doença, podendo dificultar a cirurgia quando indicada e piorar o quadro de infertilidade da paciente.
Referências bibliográficas:
- Rindos NB, Fulcher IR, Donnellan NM. Pain and Quality of Life after Laparoscopic Excision of Endometriosis. J Minim Invasive Gynecol. 2020 Nov-Dec;27(7):1610-1617.e1. doi: 10.1016/j.jmig.2020.03.013.
- Rosa e Silva JC, Valerio FP, Herren H, Troncon JK, Garcia R, Poli Neto OB. Endometriose – Aspectos clínicos do diagnóstico ao tratamento. Femina. 2021;49(3):134-41. Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/media/k2/attachments/FeminaZ2021Z49Z3Z-ZWeb.pdf
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