Ginecologia e Obstetrícia29 fevereiro 2024
Gestantes asmáticas tem maiores riscos de resultados neonatais adversos?
Atualização publicada no International Journal of Gynecology & Obstetrics traz revisão sistemática. Veja os detalhes.
Uma recente revisão sistemática e meta-análise, publicada no International Journal of Gynecology & Obstetrics, atualizou conceitos sobre a asma, chamando a atenção para resultados perinatais de gestantes que podem ou não ter a asma agravada neste período. Estudos australianos mostram que cerca de 13% das gestantes têm suas gestações afetadas por esta patologia, normalmente por alterações fisiológicas e imunológicas. Estas, através de mediadores inflamatórios associados a medicamentos, podem acarretar disfunções placentárias, complicações perinatais e hipóxia fetal.
Leia mais: Associação do intervalo entre gestações com desfechos adversos da gravidez
O trabalho
Nesta revisão os autores incluíram artigos contendo dados de gestantes portadoras ou não de asma associada a desfechos neonatais de interesse, através das bases de dados como Medline, Embase, CINAHL e Cochrane nos anos de 2012 a 2023, contendo os termos de pesquisa em inglês (asthma or wheeze) e (pregnan or perinat or obstet*). Aos 22 estudos da revisão original de 2013, 18 foram adicionados a partir dos 15.716 artigos triados. Foram incluídas 785.667 gestações com asma e 16.269.041 gestações sem asma. Quase metade dos estudos eram do Canadá ou dos EUA (n=16). Os resumos foram selecionados e risco de viés de estudos individuais foi avaliado por dois revisores de forma independente, utilizando a Escala Newcastle-Ottawa. Modelos de efeitos aleatórios ou fixos foram usados com máxima verossimilhança restrita para calcular o risco relativo (RR) a partir de dados de prevalência e o método de variância genérica inversa, onde odds ratios ajustados (ORa) de estudos individuais foram combinados. Permaneceram riscos aumentados previamente observados para mortalidade perinatal (RR 1,14, intervalo de confiança [IC] de 95%: 1,05, 1,23 n=16 estudos; ORa 1,07, IC 95%: 0,98–1,17 n =6), malformações congênitas ( RR 1,36, IC 95%: 1,32–1,40 n = 17; ORa 1,42, IC 95%: 1,38–1,47 n=6) e hospitalização neonatal (RR 1,27, IC 95%: 1,25–1,30 n = 12; ORa 1,1, IC 95%: 1,07–1,16 n = 3) entre bebês nascidos de mães com asma, enquanto o risco de morte neonatal não era mais significativo (RR 1,33, IC 95%: 0,95–1,84 n =8). Riscos não significativos relatados anteriormente para malformações congênitas maiores (RR1,18, IC 95%: 1,15–1,21; ORa 1,20, IC 95%: 1,15-1,26 n =3) e síndrome do desconforto respiratório (RR 1,25, IC 95%: 1,17 –1,34 n=4; ORa 1,09, IC 95%: 1,01–1,18 n=2) alcançaram significância estatística. A população deste estudo apresentou uma taxa comparativamente baixa de asma (6,7%), mas não está claro qual o impacto que isso pode ter tido nos resultados. Os riscos aumentados anteriormente observados de mortalidade perinatal, malformações congênitas e hospitalização neonatal entre recém-nascidos de mães com asma, em comparação com aqueles sem asma, permaneceram. Notavelmente, esta análise atualizada revelou um risco significativamente aumentado de malformações congênitas graves e de síndrome de desconforto respiratória entre recém-nascidos de mulheres com asma, em comparação com aqueles sem asma, que anteriormente não eram significativos. Além disso, diferente da revisão de 2013, esta análise atualizada não encontrou associação estatisticamente significativa entre asma materna e o risco de morte neonatal. Os resultados desta meta-análise indicam que a mortalidade perinatal foi 14% mais provável em recém-nascidos de mulheres com asma, em comparação aqueles de mulheres sem asma. No entanto, não foi observado aumento de probabilidade no modelo ajustado. Os recém-nascidos de mães com asma apresentavam um risco significativamente aumentado (36%) de qualquer malformação congênita e este número aumentou para 42% no modelo ajustado. Evidenciou também um aumento estatisticamente significativo no risco de hospitalizações neonatais (27%) e síndrome do desconforto respiratório (25%) em recém-nascidos de mães com asma. Apesar das limitações e fatores de confusão como comorbidades, idade materna e gestações múltiplas, esta revisão sistemática e meta-análise atualizadas apoiaram descobertas anteriores de aumento do risco de mortalidade perinatal, malformações congênitas e hospitalização neonatal, e revelaram risco significativo de malformações congênitas graves e síndrome do desconforto respiratório associada à asma materna. É preciso cuidados adicionais desde o início da gestação para manter um bom controle e prevenir crises. Leia ainda: Nutrição da gestante é destaque nas atualizações da SBP para o pré-natalAnúncio
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.