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Ginecologia e Obstetrícia22 dezembro 2023

O impacto do tabagismo na fertilidade feminina e nos resultados da gravidez

O tabagismo e o uso de tabaco são a principal causa de doenças, incapacidade e morte evitáveis no mundo.

Por Ênio Luis Damaso

Uma revisão publicada recentemente no European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology por um grupo de pesquisadores belgas reuniu as últimas evidências sobre o efeito do tabagismo na fertilidade feminina e nos desfechos obstétricos.

Na Europa, em 2019, 14,8% das mulheres com 15 ou mais anos fumavam cigarros diariamente. A taxa variou entre vários países, com a menor porcentagem na Islândia (6,5%) e a maior na Sérvia (24%).

O consumo de tabaco também é prevalente durante a gestação, com uma prevalência estimada de 8,1 % na região europeia. O tabaco, seja através do uso direto ou passivo, é tóxico para o desenvolvimento humano e teratogênico com efeitos adversos globais. Seja qual for a forma como é consumido. O uso de tabaco está associado a consequências significativas a curto e longo prazo tanto para a mãe quanto para a prole, tornando o hábito um importante problema obstétrico e de saúde pública.

O impacto do tabagismo na fertilidade feminina e nos resultados da gravidez

Vape

O dispositivo eletrônico conhecido como vape está tornando-se muito comum, principalmente entre os jovens. Atualmente não há estudos sobre o impacto do seu uso sobre desfechos obstétricos ou reprodutivos em humanos; no entanto, estudos em animais demonstraram que à exposição a nicotina vaporizada apresenta potencial dano de defeitos congênitos e alterações de peso ao nascer. Teoricamente, os efeitos da nicotina contida na vaporização devem ser iguais aos do tabagismo convencional. Além disso, foi sugerido que a vaporização afeta negativamente a função ovariana e a receptividade uterina, portanto, o impacto potencial da utilização do cigarro eletrônico na reprodução feminina parece estar presente.

Leia também: Anvisa propõe proibição de fabricação, comercialização e propaganda de vapes

Tabaco em outras preparações

Além da vaporização, outros tipos de uso de tabaco incluem goma de mascar, rapé, snus e gutka. Estudos do uso de tabaco nessas formas durante a gravidez sugere um efeito negativo nos resultados da gravidez, como parto prematuro, pré-eclâmpsia, baixo peso ao nascer e natimorto.

Efeito do tabagismo durante a gravidez

O tabagismo tem sido relacionado a restrição de crescimento fetal, nascimento prematuro, baixo peso ao nascer, natimorto, síndrome da morte súbita infantil e consequências para o neurodesenvolvimento. Foi demonstrado que fumar pode levar à insuficiência uteroplacentária e descolamento prematuro de placenta.

A nicotina passa livremente através da placenta e as concentrações fetais de nicotina podem ser mais de 15% superiores aos níveis sanguíneos maternos. A exposição à nicotina, mesmo através da vaporização, é um fator de risco para baixo peso ao nascer, parto prematuro e natimorto.

Atualmente, ainda não há protocolos consistentes em relação à vigilância fetal, monitoramento, momento e modo de parto, e acompanhamento pós-parto para mulheres que fumam.

Saiba mais: Relatório da OMS apresenta medidas de proteção contra tabaco

Mensagem final sobre tabagismo

Os serviços de saúde que trabalham com saúde materno-infantil deveriam se atentar para a prevalência ainda alta do tabagismo e uso de tabaco por mulheres em idade reprodutiva e gestantes.

Todos deveriam se empenhar no combate a esse uso que pode trazer consequências adversas maternas e perinatais. O combate deve contar com educação em saúde, campanhas, rastreio para identificar as mulheres susceptíveis e estratégias comportamentais e farmacológicas para auxiliar na cessação do hábito de fumar.

Autoria

Foto de Ênio Luis Damaso

Ênio Luis Damaso

Doutor em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Universidade Nove de Julho de Bauru (UNINOVE).

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Referências bibliográficas

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