Logotipo Afya
Anúncio
Ginecologia e Obstetrícia25 dezembro 2025

Evidências e políticas que marcaram a saúde da mulher em 2025

Entre novas diretrizes e recomendações, 2025 foi marcado por avanços significativos na área da ginecologia.

O ano de 2025 trouxe mudanças importantes na ginecologia e obstetrícia, tanto nas diretrizes nacionais quanto em recomendações internacionais que impactam diretamente o cuidado com a saúde da mulher. Novos protocolos de rastreamento, atualizações sobre contracepção e discussões sobre suplementação nutricional marcaram um período de revisão e modernização das práticas clínicas.

Confira os destaques!

Novas diretrizes brasileiras para rastreamento do câncer do colo do útero com HPV DNA

A adoção do teste de HPV DNA como método primário de rastreamento do câncer do colo do útero representa uma das mudanças mais significativas da saúde pública brasileira em 2025. O Ministério da Saúde e o Instituto Nacional de Câncer incorporaram oficialmente essa estratégia ao SUS, reconhecendo sua maior sensibilidade na detecção de lesões precursoras, especialmente quando comparada ao exame citopatológico tradicional.

Com essa mudança, o intervalo entre os exames passa a ser ampliado quando o resultado é negativo, reduzindo intervenções desnecessárias, racionalizando recursos e aumentando a capacidade de cobertura populacional. Esta atualização coloca o Brasil em alinhamento com países que já utilizam testagem molecular como padrão ouro no rastreamento.

Além disso, as novas diretrizes reorganizam o fluxo de cuidado para mulheres com teste positivo, estabelecendo critérios claros para a indicação de colposcopia, repetição do exame e testes complementares. A combinação de testagem mais sensível, intervalos ampliados e um fluxo de seguimento baseado em risco reforça a eficiência do programa de rastreamento e aproxima o país da meta global de eliminação do câncer cervical como problema de saúde pública.

Mudança no rastreamento do câncer de mama: mamografia agora a partir dos 40 anos

Em outubro de 2025, o Ministério da Saúde anunciou uma mudança histórica: a idade mínima para início da mamografia no SUS passou de 50 para 40 anos. A decisão considerou estudos recentes que mostram maior benefício da detecção precoce nessa faixa etária e buscou harmonizar a política nacional com recomendações internacionais. A medida impacta diretamente a cobertura do rastreamento e exige reorganização da rede de diagnóstico e tratamento.

Essa medida também reforça uma convergência com recomendações já consolidadas há anos por entidades médicas nacionais. O Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) há muito defendem o início do rastreamento anual a partir dos 40 anos, fundamentadas em dados epidemiológicos brasileiros que mostram maior mortalidade em mulheres jovens e no benefício comprovado da detecção precoce nessa faixa etária.

Assim, a decisão ministerial não apenas atualiza a política pública, mas também aproxima o SUS das recomendações científicas já praticadas na saúde suplementar e defendidas pela comunidade acadêmica, promovendo maior equidade no acesso ao diagnóstico precoce.

Atualização dos Critérios Médicos de Elegibilidade para Contraceptivos da OMS

A Organização Mundial da Saúde publicou a sexta edição dos critérios de elegibilidade, revisando mais de cem recomendações. Entre os destaques, o acetato de medroxiprogesterona (DMPA) passou a ser considerado seguro para mulheres que amamentam nas primeiras seis semanas pós-parto.

As principais terapias atuais para o HIV, incluindo inibidores de protease, nevirapina e dolutegravir, passaram para a categoria de uso totalmente permitido com contraceptivos hormonais. A OMS também ampliou orientações sobre a profilaxia pré-exposição (PrEP), classificando todos os esquemas como compatíveis com qualquer método contraceptivo. As atualizações alinham recomendações à prática clínica contemporânea e fortalecem a autonomia reprodutiva.

Suplementação de cálcio na gestação: da incorporação nacional ao debate internacional

No início de 2025, o Ministério da Saúde publicou a Nota Técnica Conjunta nº 251/2024, incorporando a suplementação de cálcio para todas as gestantes do SUS como estratégia de prevenção de pré-eclâmpsia, especialmente em regiões com baixa ingestão dietética.

No entanto, em dezembro de 2025, uma nova revisão Cochrane reacendeu o debate ao concluir que o cálcio não reduz ou reduz muito pouco o risco de pré-eclâmpsia quando avaliado em diferentes populações e cenários de risco. Embora a suplementação permaneça segura e acessível, os resultados indicam a necessidade de reavaliar políticas universais e de direcionar esforços para intervenções com maior impacto comprovado.

O que podemos levar para casa?

As transformações observadas em 2025 mostram um cenário de evolução contínua na saúde da mulher, impulsionado tanto por políticas públicas brasileiras quanto por diretrizes internacionais que orientam a prática clínica. A adoção do teste de HPV DNA no rastreamento cervical e a redução da idade mínima para mamografia representam avanços concretos na prevenção de cânceres prevalentes, alinhando o país a recomendações baseadas em forte evidência.

No âmbito global, as atualizações dos critérios de elegibilidade para contraceptivos da Organização Mundial da Saúde ampliam a segurança e a autonomia reprodutiva, oferecendo aos profissionais parâmetros mais modernos e consistentes. Somam-se a isso as discussões renovadas sobre suplementação de cálcio na gestação, motivadas pela incorporação nacional no início do ano e pela revisão sistemática que, em dezembro, apontou benefício limitado. Esse conjunto de mudanças reforça a importância de integrar evidências científicas atualizadas à prática assistencial, garantindo que políticas e condutas clínicas evoluam ao ritmo das necessidades das mulheres.

Autoria

Foto de Ênio Luis Damaso

Ênio Luis Damaso

Doutor em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Universidade Nove de Julho de Bauru (UNINOVE).

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Referências bibliográficas

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Ginecologia e Obstetrícia