No início de novembro, a Organização Mundial da Saúde, atualizou os Critérios Médicos de Elegibilidade para Uso de Contraceptivos, que estavam vigentes desde 2015. A nova edição revisou mais de 100 recomendações, incorporando evidências recentes sobre a segurança dos métodos contraceptivos, o uso concomitante com novas terapias para o HIV e ajustes específicos relacionados ao período pós-parto.
Entre as mudanças mais relevantes, destaca-se a reclassificação do acetato de medroxiprogesterona (DMPA). Antes categorizado como Categoria 3 nas seis primeiras semanas do puerpério em mulheres que amamentam, o método passou para Categoria 2. Essa alteração foi fundamentada em novos estudos que demonstraram, de forma consistente, que os progestagênios — inclusive os injetáveis — não prejudicam a amamentação nem impactam negativamente os desfechos infantis, reduzindo a preocupação teórica que orientava a recomendação anterior.
No campo do HIV, também houve mudanças importantes. Todos os inibidores de protease e a nevirapina (um inibidor não nucleosídeo da transcriptase reversa), que anteriormente eram classificados como Categoria 2 para uso concomitante com contraceptivos hormonais, passaram a ser Categoria 1. Além disso, o dolutegravir, um inibidor de integrase amplamente utilizado em esquemas atuais, foi incluído pela primeira vez e igualmente classificado como Categoria 1.
Os critérios relacionados à profilaxia pré-exposição (PrEP) também foram ampliados. Todas as medicações utilizadas para PrEP — tanto as orais quanto o anel vaginal de dapivirina — foram classificadas como Categoria 1, reforçando sua compatibilidade com qualquer método contraceptivo e fortalecendo estratégias combinadas de prevenção de ISTs e gravidez não planejada.
Apesar de mudanças pontuais, as atualizações refletem um aperfeiçoamento importante das recomendações, com maior alinhamento às evidências contemporâneas e às práticas clínicas mais seguras.
Autoria
Sérgio Okano
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