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Ginecologia e Obstetrícia5 maio 2025

Eficácia e segurança do Afuresertib em câncer de ovário resistente à platina

Estudo avaliou a eficácia da associação do Afuresertib ao Paclitaxel, e a comparou com o uso isolado do Paclitaxel em pacientes com câncer de ovário resistente à platina

O câncer de ovário resistente à platina representa um desafio significativo na prática clínica, devido à baixa eficácia das terapias disponíveis atualmente e à alta taxa de recidiva e progressão da doença. Uma das estratégias estudadas para superar essa resistência é o uso de drogas que inibem vias de sinalização específicas envolvidas na sobrevivência celular tumoral, como a via PI3K/AKT/mTOR, frequentemente ativada nesses tumores.  

O artigo abordado foi recentemente publicado na revista internacional Gynecologic Oncology, em 2025, e explora o papel de um inibidor da proteína AKT chamado Afuresertib em pacientes com câncer de ovário resistente ao tratamento com quimioterapia baseada em platina. 

Objetivo 

O estudo teve como objetivo avaliar a eficácia e a segurança da associação do Afuresertib ao quimioterápico Paclitaxel, comparando esta combinação com o uso isolado do Paclitaxel em pacientes com câncer de ovário resistente à platina. 

Métodos 

Trata-se de um estudo clínico de fase II, ou seja, uma pesquisa com número limitado de pacientes (neste caso, 150 mulheres), projetado para avaliar inicialmente a eficácia e segurança de um novo tratamento antes da realização de um estudo de fase III, maior e definitivo.  

As participantes foram randomizadas na proporção de 2 pacientes para o tratamento combinado com Afuresertib e Paclitaxel, para cada 1 paciente recebendo apenas Paclitaxel. O desfecho principal avaliado foi a sobrevida livre de progressão da doença, definida como o tempo entre o início do tratamento e a progressão da doença ou morte. Outros desfechos avaliados foram a sobrevida global, a taxa de resposta objetiva (redução significativa do tumor) e o perfil de segurança dos medicamentos. Uma análise exploratória adicional avaliou biomarcadores específicos, como o nível de expressão da proteína fosfo-AKT nos tumores das pacientes. 

Saiba mais: Câncer de ovário e seus desdobramentos hereditários

Principais achados 

O estudo não demonstrou benefício significativo da adição do Afuresertib ao Paclitaxel em relação ao uso isolado de Paclitaxel quando avaliada toda a população estudada. A sobrevida livre de progressão foi semelhante nos dois grupos, com uma média de 4,3 meses para a combinação versus 4,1 meses para Paclitaxel isolado. A sobrevida global também não apresentou melhora significativa. Porém, em um grupo específico de pacientes cujos tumores tinham níveis elevados do biomarcador fosfo-AKT, houve uma melhora substancial com a associação do Afuresertib, com aumento da sobrevida livre de progressão para 5,4 meses, comparado a 2,9 meses com o Paclitaxel isolado. Em relação aos eventos adversos, o tratamento combinado teve maior incidência de efeitos colaterais graves, como diarreia, anemia e hiperglicemia. 

Conclusão 

A associação do Afuresertib ao Paclitaxel não demonstrou melhora significativa em relação ao tratamento com Paclitaxel isolado para todas as pacientes com câncer de ovário resistente à platina. Contudo, resultados exploratórios apontam um benefício potencial em pacientes com expressão elevada da proteína fosfo-AKT, sugerindo que o uso de biomarcadores específicos pode ajudar a identificar pacientes que terão maior benefício com terapias-alvo. 

Mensagem prática 

Apesar de o Afuresertib não ter beneficiado todas as pacientes, os achados reforçam a importância da seleção de subgrupos específicos através de biomarcadores como fosfo-AKT, potencializando estratégias de tratamento personalizado no câncer de ovário resistente à platina. Esses resultados devem incentivar a utilização futura de testes moleculares específicos, orientando decisões terapêuticas individualizadas e possivelmente aumentando a eficácia e segurança dos tratamentos disponíveis para esta população desafiadora. 

Autoria

Foto de Ênio Luis Damaso

Ênio Luis Damaso

Doutor em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Universidade Nove de Julho de Bauru (UNINOVE).

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Referências bibliográficas

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