Artigo publicado recentemente no periódico Obstetrics and Gynecology, do American College of Obstetricians and Gynecologists foi realizado por um grupo de cientistas americanos e teve como objetivo avaliar as taxas de cesaria em pacientes com trabalho de parto prolongado randomizadas para receber propranolol intravenoso (IV) em comparação com placebo.
O propranolol foi investigado como um possível agente terapêutico no manejo de trabalho de parto desde a década de 1960, com base em testes in vitro e in vivo de evidências de que o propranolol aumenta a contratilidade uterina. Como um bloqueador β-adrenérgico, ele bloqueia os receptores β2-adrenérgicos que são expressos no miométrio uterino, causando assim aumento da contração do músculo liso uterino.
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Métodos
Trata-se de um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, controlado por placebo e conduzido em dois hospitais de um grande sistema de saúde acadêmico. As participantes elegíveis estavam com 36 semanas ou mais de idade gestacional, gestação única e trabalho de parto prolongado.
Trabalho de parto prolongado foi definido como: 1) fase latente prolongada (dilatação menor que 6 cm após 8 horas ou mais de membranas rotas e recebendo infusão de ocitocina) ou 2) fase ativa prolongada do trabalho de parto (dilatação de 6 cm ou mais e menos de 1 cm de alteração da dilatação cervical em duas horas ou mais com membranas rotas e recebendo infusão de ocitocina).
Foram excluídos casos de pré-eclâmpsia grave, frequência cardíaca materna inferior a 70 bpm, pressão arterial materna inferior a 90/50 mmHg, asma, diabetes mellitus requerendo insulina durante trabalho de parto ou contraindicação ao uso do propranolol.
As mulheres foram randomizadas para propranolol (2 mg IV) em comparação com placebo (2 mL de solução salina normal IV). O desfecho primário foi via de parto por cesárea, enquanto os desfechos secundários incluíram a duração do trabalho de parto, distocia de ombro e morbidade materna e neonatal.
Resultados
De julho de 2020 a junho de 2022, 349 participantes eram elegíveis e foram abordadas; 164 foram inscritas e randomizadas, com 84 no grupo propranolol e 80 no grupo placebo.
A taxa de cesariana não foi diferente entre os grupos (57,1% propranolol versus 57,5% placebo, risco relativo [RR] 0,99, IC 95% 0,76–1,29). Os resultados também foram semelhantes por subgrupo de fase latente prolongada (n=123) e fases ativas (n=41) do trabalho de parto e nulíparas (n=137) e multíparas (n=27).
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Conclusão e mensagem prática
Neste estudo randomizado multicêntrico, duplo-cego, controlado por placebo, não houve diferença na taxa de cesariana para pacientes que receberam propranolol em comparação com aqueles que receberam placebo para manejo do trabalho de parto prolongado
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