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Ginecologia e Obstetrícia3 julho 2023

Contracepção no período pós-parto

O FSRH considera seguro o uso do implante em mulheres que amamentam, mesmo no pós-parto imediato (até seis semanas após o parto).

O pós-parto é o momento perfeito para acessar os serviços de planejamento familiar. A escolha do anticoncepcional deve ser avaliada com a mulher antes de ela sair do hospital, mas é melhor ainda se ela for avaliada durante a gravidez.  

Intervalos intergestacionais mais curtos estão relacionados a resultados maternos, perinatais e infantis adversos. De fato, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda um intervalo de pelo menos 24 meses entre gestações subsequentes. 

Leia mais: Limpeza vaginal antes da cesariana diminui morbidade infecciosa pós-operatória?

Uma revisão narrativa foi publicada recentemente no International Journal of Gynecology and Obstetrics, com o objetivo de comparar as diretrizes publicadas por sociedades científicas reconhecidas internacionalmente sobre contracepção pós-parto e obter uma visão atualizada sobre o assunto. 

Foram comparados três guidelines: OMS de 2015, Faculty of Sexual and Reproductive Healthcare (FSRH) de 2020 e Centers for Disease Control and Prevention (CDC) de 2020. 

Principais considerações 

Contraceptivo hormonal combinado (CHC) 

As principais diretrizes estão em sua maioria alinhadas umas com as outras. No entanto, algumas diferenças são evidentes. De fato, as diretrizes da OMS contraindicam CHCs pós-parto em pacientes amamentando entre seis semanas e seis meses após o parto (categoria 3). Pelo contrário, as diretrizes da FSRH e do CDC não contraindicam o uso de CHCs em pacientes que amamentam de seis semanas a seis meses após o parto (categoria 2). Em mulheres que amamentam, nesse período específico do pós-parto inicial, o uso de CHCs modernos contendo estrogênios naturais pode ser preferido, embora nada tenha sido publicado. 

Amamentação como contraceptivo 

O método da amenorreia lactacional (LAM) é um método contraceptivo natural. Esse método baseia-se na anovulação espontânea que ocorre em mulheres que amamentam, mas requer amamentação exclusiva e frequente. Não há riscos à saúde ou efeitos adversos no uso do LAM, mas esse método só pode ser usado por seis meses após o parto ou até que a menstruação da mulher volte.  

Pílula de progestágeno 

Método de segurança e recomendado para uso no pós-parto. As diferenças entre os guidelines são encontradas em mulheres que amamentam, particularmente nas primeiras quatro a seis semanas após o parto. As diretrizes do Reino Unido (FSRH) não indicam quaisquer restrições: a amamentação no período pós-natal não é um fator limitante para iniciar o uso de POP (categoria 1). 

A OMS continua cautelosa em mulheres que amamentam dentro de quatro semanas após o parto (categoria 2), recomendando que as lactantes não usem contraceptivos só de progestágeno antes de seis semanas após o parto, exceto aquelas em risco de morbidade ou mortalidade durante a gravidez e com acesso limitado aos serviços de saúde. As diretrizes dos EUA (CDC) estendem o período para seis semanas (categoria 2). Porém, para ambas as diretrizes, mesmo nessa categoria de mulheres, os benefícios ainda superam os riscos. 

Implantes de progestágeno 

Nas mulheres que não estão amamentando, o implante é considerado seguro (categoria 1) pelas três diretrizes, sem distinção de tempo. Em relação às mulheres que amamentam, as diretrizes dão indicações diferentes.

O FSRH considera seguro o uso do implante em mulheres que amamentam, mesmo no pós-parto imediato (até seis semanas após o parto). Já a OMS e o CDC introduzem uma distinção temporal: no uso tardio, concordam com a segurança total, enquanto em 6 semanas (OMS) e em 30 dias (EUA) são mais cautelosos (categoria 2), embora não contraindiquem seu uso.  

Dispositivos intrauterinos (DIU) 

Todas as diretrizes concordam com a inserção do DIU, tanto medicamentoso quanto não medicamentoso, quatro semanas após o parto, sem contraindicações (categoria 1). 

As diretrizes da OMS e do Reino Unido estabelecem 48h após o parto como limite de tempo seguro; dentro de 48h, a inserção do DIU é segura (categoria 1). A única diferença é que a OMS continua cautelosa em mulheres que amamentam, atribuindo categoria 2 para DIUs medicamentosos. As diretrizes dos EUA são mais restritivas: até dez minutos após o parto, a inserção é totalmente segura (categoria 1), exceto para o DIU hormonal em mulheres que amamentam (categoria 2), enquanto de dez minutos a quatro semanas após o parto, os benefícios ainda superam os riscos, mesmo que não estejam totalmente ausentes (categoria 2). 

Veja também: Diferenças raciais na associação de endometriose com risco de câncer de ovário

Conclusões 

Diferentes diretrizes internacionais geralmente concordam sobre a possibilidade de diferentes métodos contraceptivos usados no período pós-parto, embora também tenha sido destacado diferenças substanciais no manejo de algumas situações, em relação à amamentação e ao estado de hipercoagulabilidade. 

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Referências bibliográficas

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