A prematuridade é um problema de saúde pública e preveni-la é nosso dever. Diversos estudos foram realizados para predizer o risco de parto prematuro. Hoje, utilizamos a medida do colo uterino endovaginal realizado no exame morfológico de segundo trimestre como método para avaliar o risco de parto prematuro. Contudo, o maior fator de risco de prematuridade é a história de um parto prematuro prévio.
O estudo
Em outubro de 2022, foi publicado um artigo com o objetivo de determinar a viabilidade e utilidade das medições do comprimento cervical no pós-parto para a previsão de trabalho de parto prematuro (TPP) espontâneo subsequente.
Métodos
Os pesquisadores realizaram um estudo de coorte prospectivo em um único centro terciário durante um período de estudo de cinco anos entre 2017-2021. Avaliou-se a média do comprimento do colo uterino no pós-parto em pacientes após TPP e partos a termo em 4 períodos de tempo – 8, 24,48 horas e 6 semanas pós-parto com acompanhamento em suas gestações subsequentes para avaliar a idade gestacional no parto.
Resultados
Os autores selecionaram 1.384 pacientes para participarem da fase 1 do estudo. A média do CC pós-parto foi significativamente menor no grupo TPP com idade gestacional <34 semanas em comparação com o grupo a termo às 8 horas pós-parto (8,4±4,2 mm vs. 22,3±3,5 mm, P<0,0001), 24 horas pós-parto (13,2±3,8 mm vs. 33,2±3,1 mm, P<0,0001) e 48 horas pós-parto (17,9±4,4 mm vs. 40,2±4,2 mm, P<0,0001). Não houve diferença significativa na média do CC pós-parto entre o grupo TPP com idade gestacional >34 semanas e o grupo a termo às 8, 24, 48 horas pós-parto. O CC foi semelhante entre qualquer um dos grupos em 6 semanas pós-parto.
Na segunda fase do estudo, permaneceram 891 pacientes, e os pesquisadores chegaram à seguinte conclusão ao avaliarem os resultados dessa fase do estudo: – A combinação de história de TPP espontânea e colo curto pós-parto resultou em benefício adicional para as pacientes, sendo capazes de predizer um risco de TPP subsequente com maior precisão, do que apenas história prévia.
Rastreio do câncer de colo de útero: ácido acético e lugol para inspeção visual?
Conclusões
Portanto, as medições do CC pós-parto podem auxiliar na detecção do grupo de pacientes com maior risco de TPP espontânea subsequente. Segundo os autores, é benéfico considerar um regime de acompanhamento pré-natal com menores intervalos entre as consultas e realizar intervenções precoces neste grupo, a fim de reduzir os resultados perinatais adversos. Afinal, esse método de avaliação é seguro e com um ótimo custo benefício, sendo de fácil implantação nas maternidades, inclusive nas brasileiras.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.