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Ginecologia e Obstetrícia29 julho 2022

Rastreio do câncer de colo de útero: ácido acético e lugol para inspeção visual?

Analise buscou entender quais os benefícios do uso de ácido acético e lugol para inspeção visual no rastreio do câncer de colo de útero.

Estudo desenvolvido na China, nos anos de 2006 a 2009, avaliou a implementação da inspeção visual do colo do útero, sem uso de lentes de aumento ou colposcopia, após uso de ácido acético e lugol no rastreio do câncer de colo de útero.

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Rastreio do câncer de colo de útero: ácido acético e lugol para inspeção visual?

O estudo

O estudo traz informações sobre a epidemiologia do câncer de colo de útero e da dificuldade de implementação de programas de rastreio, especialmente em países pobres, justificando a necessidade de estratégias alternativas.

Sabe-se que 90% do câncer de colo de útero do mundo acontece em países de baixa e média renda, reflexo da dificuldade de um programa bem estruturado e eficaz de rastreio. A colpo citologia e pesquisa do vírus HPV, são técnicas bem estudadas e recomendadas, mas, infelizmente de difícil acesso em algumas regiões.

A inspeção visual após ácido acético e lugol apresenta sensibilidade questionável quando analisamos dados anteriores. Esses autores, desenvolveram esse estudo, para tentar mostrar se poderia ser uma estratégia válida na ausência de outras mais eficazes.

Metodologia

O estudo foi desenvolvido em 43 serviços de saúde, em 31 províncias na China, de 2006 a 2009, envolvendo mulheres de 30 a 59 anos. As participantes eram convidadas a participar do estudo. Durante a avalição, um médico ginecologista visualizava o colo do útero após uso de ácido acético. Se a visualização não apresentava lesão, era usado lugol.

Caso os dois testes fossem negativos, as mulheres repetiam o mesmo procedimento no ano seguinte. Caso algum teste fosse positivo, a mulher era encaminhada para colposcopia e biópsia.

Após colposcopia e biópsia, se o resultado fosse normal ou NIC1, repetia o procedimento no próximo ano. Caso a lesão fosse NIC 2, 3 ou câncer a mulher era encaminhada para tratamento conforme protocolo local.

Resultados

Um total de 206.133 mulheres foram incluídas nesse estudo com média de idade 42,8±7,6 anos. A taxa média de avaliação no segundo ano de estudo foi de 71,2% (mulheres que retornaram ao serviço).

Foram detectados 1.430 casos de lesões NIC 2 ou mais graves, sendo 687 NIC2, 581 NIC3 e 162 câncer de colo de útero.

A primeira avaliação com a visualização pós ácido acético/lugol detectou 60 a 83,05% de NIC2, 70,15 a 86,44% de NIC3 e 88,24% a 100% de câncer. A detecção no segundo ano de avaliação foi significativamente menor.

Após as duas avaliações a taxa de detecção de lesão NIC 2 ou mais grave foi de 0,53 a 0,90% (número total de lesões dividida pelo número total de mulheres em cada ano).

Saiba mais: Câncer de colo de útero: 6 em cada 10 mulheres na Bahia iniciam tratamento após período recomendado

Conclusões e discussão

Os autores concluíram que a estratégia estudada detectou quase todos os casos de carcinoma invasor já no seu primeiro ano e que a realização do segundo ano auxiliou a detectar lesões que pudessem ter passado sem diagnóstico na primeira vez.

Eles afirmam também que essa estratégia está longe de ser a ideal em um programa de rastreio de câncer de colo de útero, mas a visualização do colo do útero sob efeito do ácido acético e lugol em mais de um momento pode auxiliar nesses programas, diante da impossibilidade de estratégias mais eficazes.

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Referências bibliográficas

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