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Ginecologia e Obstetrícia12 novembro 2024

Associação entre idade materna jovem e anomalias fetais 

Artigo sobre o impacto da idade materna no desenvolvimento de anomalias fetais foi publicado recentemente no Scientific Reports. 

As anomalias congênitas, funcionais e estruturais, são relativamente frequentes na população, com uma estimativa de 10% dos natimortos. Vários fatores estão associados à ocorrência dessas anomalias, inclusive a idade materna. O objetivo dessa análise foi avaliar a associação entre gravidez em idade jovem ou na adolescência (antes dos 20 anos) e anomalias congênitas, comparando com mulheres acima de 20 anos.  

Associação entre idade materna jovem e anomalias fetais 

Metodologia 

Trata-se de uma revisão sistemática e metanálise. Foram incluídos artigos revisados por pares, em inglês, que usaram metodologias de coorte, transversais e caso-controle, excluindo aqueles com menor validade interna e externa. As fontes de dados incluíram as bases EMBASE, PubMed, Cochrane e Web of Science, e os estudos revisados foram publicados entre janeiro de 2010 e novembro de 2023. 

Para o processo de seleção, títulos e resumos foram inicialmente triados e, em seguida, os textos completos foram revisados quanto à validade. A coleta de dados foi padronizada com um template específico, extraindo informações-chave de cada estudo. A avaliação de qualidade foi realizada usando escalas como Newcastle-Ottawa e a ferramenta Cochrane, com a maioria dos estudos sendo classificada como “boa”. A meta-análise sintetizou os dados, incluindo subanálises por região e tipo de anomalia congênita, resultando em uma conclusão geral robusta e confiável sobre o tema. 

Os desfechos dos dados foram operacionalizados em unidades mensuráveis, como taxas de prevalência, incidência e mortalidade decorrentes de anomalias fetais congênitas. 

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Resultados 

Foram selecionados 78 estudos da EMBASE, 26 da PubMed, 2 da Cochrane e 43 da Web of Science. Após a exclusão de duplicatas, apenas 20 artigos foram considerados elegíveis para a revisão sistemática e meta-análise. Foram incluídos estudos que relataram anomalias fetais congênitas em mães adolescentes, abrangendo condições como defeitos do tubo neural, defeitos da parede abdominal, defeitos cardíacos e outras anomalias estruturais ou funcionais identificadas durante a triagem pré-natal, exames diagnósticos ou no nascimento.  

Os estudos sobre anomalias fetais congênitas analisados abrangem diferentes metodologias e regiões geográficas, incluindo 2 estudos caso-controle, 6 de coorte, 10 transversais e 2 caso-controle aninhados. As regiões cobertas incluem Etiópia, Europa, EUA, China, Tailândia, Arábia Saudita, Argentina, Irlanda, Finlândia e Taiwan, com dados de 80.393.450 participantes no total, entre 2014 e 2021. 

A meta-análise utilizou Odds Ratios (OR) como medida de efeito, adotando um modelo de efeitos aleatórios. O critério para idade materna jovem foi a idade de ≤ 20 anos. A metanálise revelou um OR combinado de 0,93 (IC 95%: 0,82–1,05, p = 0,252), indicando que não há associação estatisticamente significativa entre idade materna jovem (≤ 20 anos) e anomalias fetais. No entanto, foi observada uma heterogeneidade considerável (I² = 96,21%). A metanálise também não encontrou diferenças estatisticamente significativas na ocorrência de anomalias congênitas em fetos de mulheres mais jovens do que na população geral.  

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Conclusões: idade materna e anomalias fetais 

Devido à significativa heterogeneidade entre os estudos analisados e ao risco de viés, é importante interpretar os resultados com cautela, e investigações adicionais são recomendadas para aprofundar a compreensão sobre a relação entre a idade materna e o risco de anomalias fetais. Ainda assim, o estudo aponta diferenças notáveis que, ao serem analisadas em conjunto, perdem intensidade, sugerindo que outros fatores além da idade materna podem ter grande influência. Em particular, aspectos como o acesso limitado ou a qualidade desigual dos cuidados de saúde em determinadas regiões podem desempenhar um papel ainda mais determinante no aumento dos riscos, indicando a necessidade de considerar contextos regionais e estruturais na análise desses dados. 

Autoria

Foto de Ênio Luis Damaso

Ênio Luis Damaso

Doutor em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Universidade Nove de Julho de Bauru (UNINOVE).

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Referências bibliográficas

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