Logotipo Afya
Anúncio
Ginecologia e Obstetrícia1 outubro 2024

Administração simultânea de ocitocina e balão intrauterino na indução do parto 

Revisão buscou comparar a eficácia da administração simultânea e sequencial de ocitocina e balões intrauterinos na indução do parto.

A indução do parto, indicada em cerca de 25% das gestações, pode ser realizada por métodos mecânicos (balão intrauterino) e/ou farmacológicos (prostaglandina ou ocitocina).  

Métodos farmacológicos são empregados com sucesso, porém podem apresentar efeitos colaterais. Estudos mostram que as prostaglandinas (misoprostol) podem causar taquissistolia uterina, hiperestimulação e efeitos maternos adversos, como dor vaginal, febre, calafrios, vômitos e diarreia. Já a ocitocina pode aumentar o risco de hemorragia pós-parto, taquissistolia, sobrecarga de volume e hiponatremia quando administrada em doses máximas prolongadas. Os balões intrauterinos funcionam diretamente aplicando pressão e esticando o segmento uterino inferior e o colo do útero, promovendo a liberação de prostaglandinas naturais. 

Administração simultânea de ocitocina e balão intrauterino na indução do parto 

Imagem de wavebreakmedia_micro/freepik

Estudo sobre os métodos para indução do parto

Uma recente revisão sistemática e meta-análise publicada no The Journal of Maternal-Fetal & Neonatal Medicine forneceu uma compreensão mais abrangente da eficácia e segurança da aplicação de balões intrauterinos e ocitocina para indução do parto. Foi realizado uma busca sistemática em bases de dados eletrônicas (Web of Science, PubMed, ClinicalTrials.gov, Cochrane Library e Embase), usando combinações das seguintes palavras-chave: “balloon”, “foley”, “intrauterine balloons”, “foley balloonn”, “cook”, “oxytocin”, “randomized controlled trial”, “labor induction” e “cervical ripening”. Seguindo as diretrizes PRISMA, a qualidade dos estudos foi avaliada por dois revisores independentes usando a ferramenta de avaliação Cochrane Risk of Bias 

Leia também: Dispositivo intrauterino liberador de levonorgestrel e cânceres ginecológicos

Foram obtidos 2.638 estudos do banco de dados, sendo oito artigos incluídos na meta-análise final publicados entre 2008 e 2017, envolvendo 1.315 gestações únicas, cefálicas e sem cirurgias uterinas anteriores. O risco relativo (RR) e os intervalos de confiança (IC) de 95% foram estimados para desfechos dicotômicos e a diferença média (DM) foi calculada para desfechos contínuos. Além de dados epidemiológicos, como desfechos foram verificados a hemorragia pós-parto, incidência de corioamnionite, taxa de admissão na UTI, Apgar ≤ 7 após 5 minutos, uso de amadurecimento adicional, prevalência de uso de analgésicos, taquissistolia e presença de mecônio. 

Resultados e discussão 

O uso simultâneo de ocitocina e balões intrauterinos resultou em uma taxa significativamente maior de parto em 24 horas em nulíparas (RR = 1,30, IC 95%: 1,04, 1,63, p  = 0,02), uma taxa maior de parto vaginal em 24 horas em multíparas (RR = 1,32, IC 95%: 1,15, 1,51, p  < 0,00001), uma taxa superior de parto em 12 horas e um tempo menor para o parto em nulíparas e multíparas. Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas no parto cesáreo e nos resultados adversos maternos e neonatais entre os grupos sequenciais e simultâneos. 

Saiba mais: ISSVD 2024: Pesquisas sobre microbioma vaginal

O sucesso da indução pode ser atribuído aos balões intrauterinos que exercem pressão sobre o orifício uterino interno e estica as células miometriais, o que por sua vez aumenta a secreção de prostaglandina. Esta difunde-se para o miométrio adjacente, aumentando as contrações induzidas pela ocitocina e aumentando a regulação do número de receptores de ocitocina no miométrio. O uso simultâneo de ocitocina e balões intrauterinos pode aumentar o acoplamento da ativação do receptor de ocitocina e da atividade da prostaglandina sintetase. 

A limitação do presente estudo deve ser reconhecida devido às características inerentes da intervenção em atingir o cegamento dos participantes, pesquisadores e também pelo procedimento de intervenção, os tipos e volumes de balões intrauterinos, a dosagem de ocitocina e a tensão de tração do cateter que foram diferentes ou não registrados nos diferentes estudos. 

Conclusão 

O uso simultâneo de ocitocina e balões intrauterinos resultou em uma taxa significativamente maior de parto em 24 horas em nulíparas e multíparas, sem observar diferenças estatisticamente significativas no parto cesáreo e nos resultados adversos maternos e neonatais entre os grupos sequenciais e simultâneos.

Anúncio

Assine nossa newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Ao assinar a newsletter, você está de acordo com a Política de Privacidade.

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Referências bibliográficas

Compartilhar artigo