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Ginecologia e Obstetrícia16 dezembro 2020

ACOG atualiza recomendação sobre clampeamento do cordão umbilical

Novos ensaios clínicos randomizados avaliaram os efeitos do clampeamento do cordão umbilical imediato versus tardio.

Durante a década de 50, o termo clampeamento precoce de cordão se referia àquele que ocorria dentro do primeiro minuto, e tardio aos 5 minutos. Com o surgimento de novos estudos ao longo destes anos, foi observado que 80 a 100ml de sangue são transferidos da placenta ao bebê nos primeiros 3 minutos do nascimento, e que 90% desse montante oxigena o bebê em suas primeiras incursões respiratórias. Em um cenário sem recomendações específicas, tornou-se uma prática comum o clampeamento do cordão umbilical ocorrer entre 15 e 20 segundos do nascimento.  

No entanto, novos ensaios clínicos randomizados avaliaram os efeitos do clampeamento do cordão umbilical imediato versus tardio, utilizando como um novo corte de 30-60 segundos após nascimento, tendo como resultados: aumento nos níveis de hemoglobina no nascimento, melhora dos estoques de ferro nos primeiros meses de vida, diminuição das taxas de hemorragia intraventricular e enterocolite necrotizante em bebês prematuros.

Nesse ínterim, diversas organizações se posicionaram recomendando o clampeamento tardio do cordão, por exemplo, a OMS recomenda após 1 minuto do nascimento em bebês nascidos a termo ou prematuros que não requerem ventilação com pressão positiva. Diretrizes recentes do Programa de Reanimação Neonatal da Academia Americana de Pediatria recomendam o clampeamento do cordão umbilical retardado por pelo menos 30–60 segundos para a maioria dos bebês nascidos a termo e prematuros. O Royal College of Obstetricians and Gynecologists também recomenda retardar o clampeamento do cordão umbilical para bebês saudáveis ​​a termo e prematuros por pelo menos 2 minutos após o nascimento. 

clampeamento do cordão umbilical

Atualização nas recomendações

Esse movimento universal visando implementar o clampeamento tardio do cordão umbilical tem gerado preocupação. Será que esta prática pode atrasar os esforços de ressuscitação oportunos? Poderia ocorrer um uma transfusão excessiva, aumentando icterícia e policitemia neonatal? Haveria maior risco materno de hemorragia pós parto? 

Então, neste mês de dezembro, o American College of Obstetricians and Gynecologists’ Committee on Obstetric Practice emitiu uma atualização sobre as recomendações implementadas antes, em 2017 :

  • É recomendado um atraso no clampeamento do cordão umbilical em bebês nascidos a termo e prematuros por, pelo menos, 30-60 segundos após o nascimento:
  • Foi relatado que, de fato, há um pequeno aumento na incidência de icterícia que requer fototerapia em bebês nascidos a termo e que, a equipe obstétrica deve estar atenta quanto ao monitoramento e possível tratamento da icterícia neonatal.
  • Não há associação com aumento de risco de hemorragia pós-parto. No entanto, quando há risco aumentado de hemorragia, por exemplo, placenta prévia ou descolamento prematuro da placenta, os benefícios do clampeamento tardio do cordão umbilical precisam ser equilibrados com a necessidade de estabilização hemodinâmica oportuna da mulher.
  • Até o momento não há evidências suficientes para apoiar a prática em gestações múltiplas. 

Referência bibliográfica:

  • Delayed Umbilical Cord Clamping After Birth, Obstetrics & Gynecology: December 2020 – Volume 136 – Issue 6 – p 1238-1239 doi: 10.1097/AOG.0000000000004168

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