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Gastroenterologia19 outubro 2022

Vonoprazan é superior a lansoprazol no tratamento de esofagite erosiva?

A esofagite erosiva ocorre quando há formação de lesões no esôfago devido ao refluxo gástrico crônico o que gera dor e outros sintomas.

Recentemente, uma nova classe de fármacos foi aprovada para doenças ácido relacionadas (como esofagite) – os bloqueadores ácidos competitivos de potássio (PCABs), cuja principal droga disponível é o vonoprazan, disponível nas dosagens de 10 mg e 20 mg. Como benefícios em relação aos inibidores de bomba de prótons (IBP), inibem a secreção ácida por ligação iônica, inibindo tanto as bombas ativas, como as em repouso. Dessa forma, uma mesma molécula de vonoprazan pode inibir várias bombas de próton, diferente dos IBPs que apresentam ligação covalente. Além disso, apresentam início de ação rápido, alcançando inibição ácida máxima já no primeiro dia de uso, além do efeito inibitório se dar por um maior período, com uma meia vida de 9 horas.

Leia também: Esofagites agudas: tipos, reconhecimento e manejo

Apesar dos mecanismos de ação mostrarem que os PCABs são drogas eficazes, ainda não havia estudos randomizados comparando essa classe de fármacos com os IBPs na esofagite erosiva (EE). Recentemente, um ensaio clínico randomizado comparando a eficácia de vonoprazan e lansoprazol na cicatrização de mucosa na EE está disponível como pré-publicação no periódico Gastroenterology (AGA).

Vonoprazan é superior a lansoprazol no tratamento de esofagite erosiva

Métodos

Ensaio clínico randomizado incluindo adultos com esofagite erosiva. Um grupo recebeu vonoprazan 20 mg por dia e outro grupo lansoprazol 30mg por dia por até 8 semanas.

Dentre os que atingiram o desfecho de cicatrização na endoscopia da semana 8, foram novamente randomizados para avaliar manutenção da cicatrização de mucosa na semana 24. Um grupo recebeu vonoprazan 10mg por dia e outro lansoprazol 15 mg por dia.

Resultados

Na primeira etapa (indução de cicatrização) foram incluídos 1.024 pacientes. O vonoprazan mostrou-se superior na análise exploratória da cicatrização (92,9 vs. 84,6%; diferença=8,3%, IC 95% 4,5-12,2%).

Além disso, na avaliação de desfechos secundário, o vonoprazan demonstrou não inferioridade em relação a dias livres de sintomas (diferença = 2,7%, -1,6-7,0%) e superioridade na cicatrização da esofagite graus C e D de Los Angeles na semana 2 (diferença = 17,6%, 7,4-27,4%).

Na segunda etapa (manutenção de cicatrização) foram incluídos 878 pacientes. O vonoprazan mais uma vez demonstrou superioridade na análise secundária de manutenção de cicatrização (vonoprazan 20 mg versus lansoprazol=8,7%, IC95% 1,8-15,5%; vonoprazan 10 mg versus Lansoprazol diferença=7,2%, IC 95% 0,2-14,1%). Houve também superioridade na manutenção da cicatrização de esofagites graves grau C e D de Los Angeles (vonoprazan 20 mg versus lansoprazol diferença = 15,7%, IC 95% 2,5-28,4%; vonoprazan 10 mg vs. diferença de lansoprazol = 13,3%, IC 95% 0,02-26,1%).

Saiba mais: Diagnóstico simultâneo de esofagite eosinofílica e doença inflamatória intestinal em pediatria

Considerações

Os IBPs revolucionaram o tratamento das doenças ácido relacionadas, sendo as drogas mais utilizadas no tratamento dessas condições. Contudo, existem algumas limitações relacionadas ao seu uso, incluindo: retardo no início de ação (três a cinco dias); baixa biodisponibilidade; escape ácido noturno; interações medicamentosas (ex: clopidogrel); necessidade de tomada com intervalo antes da refeição (reduzindo aderência) e ações do polimorfismo do citocromo (metabolizadores rápidos).

Dessa forma, o advento dos PCABs trouxe uma classe de drogas que é mais potente, com início mais rápido de ação, não necessitando de tomada engessada com as refeições e não sofrendo ações do polimorfismo do citocromo. Contudo, apresentam, como grande impacto, o custo elevado.

Mensagem prática

Esse estudo demonstrou que vonoprazan foi não inferior e superior ao IBP lansoprazol, tanto na cicatrização, quanto na manutenção da cicatrização da esofagite erosiva. Chama atenção que esse benefício foi maior na esofagite erosiva mais grave (graus C e D de Los Angeles).

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Referências bibliográficas

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