A obesidade é uma doença crônica, progressiva e recorrente associada a comorbidades e maior mortalidade, sendo um problema de saúde pública. Sua prevalência tem crescido no mundo, com estimativa de afetar mais de 1 bilhão de pessoas em 2030. Mudanças no estilo de vida geralmente não resultam em perda de peso significativa a longo prazo para a maioria das pessoas, e a cirurgia bariátrica não é adequada para todos.
Medicamentos para obesidade historicamente proporcionam perda de peso de 5 a 10%, o que melhora comorbidades, mas sua eficácia tem sido considerada inferior às expectativas, limitando o uso prolongado. A semaglutida é um novo medicamento que muda esse cenário, pois estudos mostram uma perda de peso média próxima de 15%, com pacientes atingindo mais de 20%.
Leia mais: Um a cada três brasileiros vive com obesidade, mostra relatório global
Discussão
Este é um artigo de revisão publicado na revista Diabetology & Metabolic Syndrome em 2024 que analisa os medicamentos disponíveis, os resultados da semaglutida e as perspectivas futuras para o tratamento da obesidade, discorrendo sobre a eficácia das medicações aprovadas para obesidade.
- Ação periférica: Orlistate
Diminui a absorção de lipídios, levando a um balanço calórico negativo.
Estudos mostram perda de 5-10% de perda de peso em pacientes com obesidade. Adicionalmente pode haver redução no risco de desenvolver DM2, redução do colesterol LDL e redução de HbA1c.
- Ação Central em neurotransmissores:
- Monoterapia: sibutramina e fentermina
Sibutramina é um potente inibidor da recaptação de serotonina e noradrenalina que aumenta a saciedade. Estudos mostram perda de peso entre 5-10%.
Fentermina é um análogo atípico da anfetamina, agonista da norepinefrina, que inibe o apetite. É aprovada nos Estados Unidos e em outros países apenas para uso por curto período (12 semanas). Os estudos com maior relevância mostram su uso em associação ao topiramato.
- Combinação:
Naltrexona + Bupropiona: recentemente aprovado no Brasil. Naltrexona é um antagonista de receptores opióides, que age em sinergismo com a bupropiona em vias de recompensa; e a bupropiona é um inibidor da recaptação da dopamina e noradrenalina.
Fentermina + Topiramato: não é aprovado no Brasil. Fentermina é um antagonista do receptor alfa-adrenérgico, com efeito anorexígeno e o topiramato age em receptores GABA reduzindo principalmente compulsão alimentar.
- Ação Central com atividade hormônios estimulados por nutrientes (agonistas do receptor do GLP-1):
Liraglutida: além da indicação para DM2, também está indicada pra tratamento de obesidade a partir dos 12 anos de idade.
Semaglutida: com perda de peso média de 15%, estudos mostraram perdas superiores quando comparado com liraglutida.
- Tirzapatida: agonista GIP e GLP-1, com estudos mostrando até 20% de perdas e peso.
Veja também: Medicamentos para obesidade
Conclusão
Apesar de haver estigmas a cerca de medicamentos anti-obesidade as novas moléculas (trazendo mais segurança cardiovascular) e a perspectiva de medicamentos ainda mais potentes em um futuro próximo nos leva a especular poderiam substituir a cirurgia bariátrica. Assim que a obesidade for tratada como uma doença crônica que requer tratamento clínico contínuo, os medicamentos anti-obesidade poderão desempenhar um papel significativo no melhor controle da doença. Enquanto isso, a cirurgia bariátrica continuará sendo relevante para casos mais graves ou para aqueles que não respondem ao tratamento clínico.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.