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Endocrinologia23 março 2025

Farmacoterapia para obesidade

Revisão analisou os medicamentos disponíveis, os resultados da semaglutida e as perspectivas futuras para o tratamento da obesidade

A obesidade é uma doença crônica, progressiva e recorrente associada a comorbidades e maior mortalidade, sendo um problema de saúde pública. Sua prevalência tem crescido no mundo, com estimativa de afetar mais de 1 bilhão de pessoas em 2030. Mudanças no estilo de vida geralmente não resultam em perda de peso significativa a longo prazo para a maioria das pessoas, e a cirurgia bariátrica não é adequada para todos. 

Medicamentos para obesidade historicamente proporcionam perda de peso de 5 a 10%, o que melhora comorbidades, mas sua eficácia tem sido considerada inferior às expectativas, limitando o uso prolongado. A semaglutida é um novo medicamento que muda esse cenário, pois estudos mostram uma perda de peso média próxima de 15%, com pacientes atingindo mais de 20%. 

Leia mais: Um a cada três brasileiros vive com obesidade, mostra relatório global

Discussão 

Este é um artigo de revisão publicado na revista Diabetology & Metabolic Syndrome em 2024 que analisa os medicamentos disponíveis, os resultados da semaglutida e as perspectivas futuras para o tratamento da obesidade, discorrendo sobre a eficácia das medicações aprovadas para obesidade. 

  • Ação periférica: Orlistate 

Diminui a absorção de lipídios, levando a um balanço calórico negativo.  

Estudos mostram perda de 5-10% de perda de peso em pacientes com obesidade. Adicionalmente pode haver redução no risco de desenvolver DM2, redução do colesterol LDL e redução de HbA1c. 

  • Ação Central em neurotransmissores: 
  • Monoterapia: sibutramina e fentermina 

Sibutramina é um potente inibidor da recaptação de serotonina e noradrenalina que aumenta a saciedade. Estudos mostram perda de peso entre 5-10%. 

Fentermina é um análogo atípico da anfetamina, agonista da norepinefrina, que inibe o apetite. É aprovada nos Estados Unidos e em outros países apenas para uso por curto período (12 semanas). Os estudos com maior relevância mostram su uso em associação ao topiramato.  

  • Combinação: 

Naltrexona + Bupropiona: recentemente aprovado no Brasil. Naltrexona é um antagonista de receptores opióides, que age em sinergismo com a bupropiona em vias de recompensa; e a bupropiona é um inibidor da recaptação da dopamina e noradrenalina. 

Fentermina + Topiramato:  não é aprovado no Brasil. Fentermina é um antagonista do receptor alfa-adrenérgico, com efeito anorexígeno e o topiramato age em receptores GABA reduzindo principalmente compulsão alimentar. 

  • Ação Central com atividade hormônios estimulados por nutrientes (agonistas do receptor do GLP-1): 

Liraglutida: além da indicação para DM2, também está indicada pra tratamento de obesidade a partir dos 12 anos de idade. 

Semaglutida: com perda de peso média de 15%, estudos mostraram perdas superiores quando comparado com liraglutida. 

  • Tirzapatida: agonista GIP e GLP-1, com estudos mostrando até 20% de perdas e peso.  

Veja também: Medicamentos para obesidade

Conclusão 

Apesar de haver estigmas a cerca de medicamentos anti-obesidade as novas moléculas (trazendo mais segurança cardiovascular) e a perspectiva de medicamentos ainda mais potentes em um futuro próximo nos leva a especular poderiam substituir a cirurgia bariátrica. Assim que a obesidade for tratada como uma doença crônica que requer tratamento clínico contínuo, os medicamentos anti-obesidade poderão desempenhar um papel significativo no melhor controle da doença. Enquanto isso, a cirurgia bariátrica continuará sendo relevante para casos mais graves ou para aqueles que não respondem ao tratamento clínico. 

 

Autoria

Foto de Letícia Japiassú

Letícia Japiassú

Médica endocrinologista com Residência Médica em Clínica Médica pelo Hospital Municipal Souza Aguiar (2008) e especialização pela Associação Brasileira de Nutrologia (2020). Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (2006).

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Referências bibliográficas

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