Com o avanço do lançamento de novas medicações para tratamento de diabetes mellitus e obesidade, tem havido grande interesse sobre a tirzepatida.
Com tantas informações sobre a molécula, recentemente foi publicado um artigo que visou comparar a eficácia da perda de peso com tirzepatida versus placebo ou demais análogos de GLP-1 em adultos com Sobrepeso/Obesidade em uma meta-análise que avaliou ensaios clínicos com tratamento superior a 20 semanas. Vamos ver o que o artigo nos trouxe de conhecimento.
A obesidade é uma doença crônica, multifatorial, de caráter redicivante e associada a diversas outras condições cardiovasculares. Seu tratamento é multidisciplinar e envolve mudança do estilo de vida com prática regular de atividade física, alimentação balanceada e boa noite de sono. Perdas de peso > 10% do peso corporal já foram associadas a redução do risco cardiovascular enquanto perdas > 15% demonstraram reduzir mortalidade.
Seu tratamento farmacológico vem sofrendo grandes avanços nas últimas décadas, sendo a grande novidade do momento a tirzepatida.
A tirzepatida é um duplo agonista de GIP e GLP-1, sendo uma medicação emergente e promissora no tratamento de DM2 e Obesidade. Apesar de benefícios claros da medicação, a sua eficácia ainda é alvo de muitos estudos. Sendo assim, a presente meta-análise visou demonstrar a eficácia e segurança da perda de peso com tirzepatida em adultos com sobrepeso/obesidade quando comparada com placebo e demais análogos de GLP-1.
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Metodologia
Em base de dados eletrônicos, foram pesquisados ensaios clínicos randomizados (ECR) até a data de 31 de julho de 2023 que avaliassem tirzepatida (doses de 5mg, 10mg e 15mg) versus placebo ou outros análogos de GLP-1 em pacientes adultos com sobrepeso/obesidade (independentemente do uso de insulina ou agentes hipoglicemiantes orais) em acompanhamento por, pelo menos, 20 semanas.
O desfecho primário avaliado foi a perda de peso e os demais desfechos foram segurança da medicação em relação aos seus efeitos colaterais e perda ponderal categorizada em 5%, 10% ou 15% do peso corporal.
Resultados
Seis estudos foram selecionados com 6266 participantes avaliados. A maioria dos participantes tinha DM, sobrepeso e /ou obesidade. As doses semanais de 5mg, 10mg e 15 mg de tirzepatida se mostraram superiores ao placebo e demais análogos de GLP-1.
Além disso, a proporção de pacientes que atingiu perda de peso superior a 5%, 10% e 15% do peso corporal também foi maior nos usuários de tirzepatida.
Os efeitos colaterais no trato gastrointestinal foram similares em pacientes sob uso de tirzepatida e outros análogos de GLP-1, porém foram maiores quando comparados a quem estava usando placebo. Os efeitos colaterais como náuseas, vômitos e diarreia surgiram mais com a dose de 15mg/semana, enquanto a constipação já ocorreu na dose de 10mg/semana.
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Discussão
A presente meta-análise visou avaliar a eficácia da tirzepatida na perda de peso nas doses semanais de 5mg, 10mg e 15mg quando comparadas com placebo ou outros análogos de GLP-1 em pacientes com sobrepeso/obesidade independentemente do status de DM.
A medicação foi comprovadamente superior aos demais análogos de GLP-1 na perda ponderal, principalmente em doses maiores.
Como qualquer outro estudo, esse também contou com algumas limitações tais como: pequena amostra, heterogeneidade dos indivíduos avaliados, sem análise de desfechos metabólicos e sem distinção se alguns achados puderam sofrer influência de medicações utilizadas por pacientes com DM (como insulina ou agentes hipoglicemiantes orais). Outro fator importante que não foi avaliado foi a análise da massa magra com a perda de peso significativa dos pacientes envolvidos.
Conclusão e mensagem prática
A tirzepatida é uma excelente medicação com superioridade dose-dependente em relação aos demais análogos de GLP-1 e placebo na perda ponderal e com bom perfil de segurança quanto aos seus efeitos colaterais.
Entretanto, ainda carece de mais estudos para análise de desfechos metabólicos, funcionais e de massa magra decorrentes do seu uso.
Autoria
Juliane Braziliano
Médica graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Residência de Endocrinologia e Metabologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Residência de Clínica Médica pelo Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE). Editora-médica de Endocrinologia do Portal Afya.
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