Logotipo Afya
Anúncio
Endocrinologia24 setembro 2024

Revisão: Disfunção sexual feminina

A disfunção sexual feminina (DSF) é uma condição geralmente descrita como interesse, excitação, orgasmo ou outros aspectos da sexualidade insatisfatórios.

Como não há na literatura uma definição para função sexual adequada, a disfunção sexual ainda é uma patologia difícil de ser definida. No entanto, em mulheres, é crescente a prevalência de disfunção sexual e suas vertentes nas mais variadas idades.  

Recentemente, a The New England Journal of Medicine, lançou uma revisão sobre o tema. Segue abaixo um breve resumo dela. 

A disfunção sexual feminina (DSF) é uma condição geralmente descrita como interesse, excitação, orgasmo ou outros aspectos da sexualidade (ex: autoimagem sexual) insatisfatórios, sendo que os sintomas podem coexistir. A disfunção afeta a saúde mental, vitalidade e convívio social com grande prejuízo da qualidade de vida da paciente. 

Muitas mulheres não procuram ajuda médica e, infelizmente, ainda não há evidências que sustentem o rastreio de rotina da DSF. 

A Classificação Internacional de Doenças e problemas relacionados à saúde determina que a DSF envolve 3 principais patologias, nas quais os sintomas podem ser episódicos ou persistentes por um período mínimo de alguns meses e associados a estresse para a mulher. São elas: 

  • Desejo Sexual Hipoativo – Ausência ou redução significativa no desejo/motivação de iniciar uma relação sexual sendo caracterizada por: desejo ausente ou reduzido, resposta reduzida ou ausente à estímulos eróticos ou inabilidade de sustentar o interesse uma vez que a relação é iniciada. 
  • Disfunção de Excitação Sexual – Apesar de desejo para relação sexual e estímulo adequado, há redução ou ausência dos seguintes: resposta genital (lubrificação e contratilidade vaginais), respostas fora da área genital (excitação de mamilos, rubor, elevação da frequência cardíaca, respiratória e pressão arterial) ou prazer sexual. 
  • Disfunção Orgásmica  –  Ausência ou frequência reduzida de episódios de orgasmo e suas sensações (podendo incluir atraso no momento do orgasmo), apesar de desejo para relação sexual e estímulos adequados. 

Saiba mais: Mulheres com baixa libido: diagnóstico e potenciais benefícios da testosterona tópica

mulher preocupada com disfunção sexual

Considerações importantes na relação médico-paciente 

É importante avaliar as condições que podem influenciar na DSF tais como: estado da menopausa, amenorreia, hiperprolactinemia, hipopituitarismo e terapia antiestrogênica, visto que ao tratar as doenças de base, os sintomas da DSF podem ser atenuados. 

É também importante que haja um reconhecimento médico mais apurado em relação às questões sexuais da mulher e até que ponto elas impactam na sua qualidade de vida, visando um diagnóstico mais adequado e um tratamento mais efetivo. 

Sendo assim, a história clínica deve contemplar a periodicidade dos ciclos menstruais nas mulheres pré-menopausa, presença de sintomas vulvovaginais, desordens pélvicas, histórico de cirurgias ginecológicas e dispareunia. O exame físico e a solicitação de exames laboratoriais devem ser guiados pela clínica da paciente. 

O manejo da DSF deve respeitar a vontade da paciente, visando o bem-estar físico, psicológico e social da mesma e, quando indicado, pode incluir também o parceiro (a). 

O tratamento deve ser focado nos sintomas e no tipo de disfunção apresentada. Desse modo, as medidas não farmacológicas incluem acompanhamento psicológico e fisioterapia pélvica. 

Já o tratamento medicamentoso pode incluir: lubrificantes vaginais, terapia de reposição hormonal (estradiol, progesterona ou terapia combinada) em mulheres na pós menopausa e testosterona transdérmica para os casos de desejo sexual hipoativo. 

Em suma, a DSF abrange transtornos sexuais que muitas das vezes são negligenciados, mas que geram grande impacto na saúde da mulher. Há ainda uma lacuna no tratamento dessas condições, o que gera um alerta para maior incentivo de pesquisa nessa área. 

Autoria

Foto de Juliane Braziliano

Juliane Braziliano

Médica graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Residência de Endocrinologia e Metabologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Residência de Clínica Médica pelo Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE). Editora-médica de Endocrinologia do Portal Afya.

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Referências bibliográficas

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Endocrinologia