Revisão: Disfunção sexual feminina
Como não há na literatura uma definição para função sexual adequada, a disfunção sexual ainda é uma patologia difícil de ser definida. No entanto, em mulheres, é crescente a prevalência de disfunção sexual e suas vertentes nas mais variadas idades.
Recentemente, a The New England Journal of Medicine, lançou uma revisão sobre o tema. Segue abaixo um breve resumo dela.
A disfunção sexual feminina (DSF) é uma condição geralmente descrita como interesse, excitação, orgasmo ou outros aspectos da sexualidade (ex: autoimagem sexual) insatisfatórios, sendo que os sintomas podem coexistir. A disfunção afeta a saúde mental, vitalidade e convívio social com grande prejuízo da qualidade de vida da paciente.
Muitas mulheres não procuram ajuda médica e, infelizmente, ainda não há evidências que sustentem o rastreio de rotina da DSF.
A Classificação Internacional de Doenças e problemas relacionados à saúde determina que a DSF envolve 3 principais patologias, nas quais os sintomas podem ser episódicos ou persistentes por um período mínimo de alguns meses e associados a estresse para a mulher. São elas:
- Desejo Sexual Hipoativo – Ausência ou redução significativa no desejo/motivação de iniciar uma relação sexual sendo caracterizada por: desejo ausente ou reduzido, resposta reduzida ou ausente à estímulos eróticos ou inabilidade de sustentar o interesse uma vez que a relação é iniciada.
- Disfunção de Excitação Sexual – Apesar de desejo para relação sexual e estímulo adequado, há redução ou ausência dos seguintes: resposta genital (lubrificação e contratilidade vaginais), respostas fora da área genital (excitação de mamilos, rubor, elevação da frequência cardíaca, respiratória e pressão arterial) ou prazer sexual.
- Disfunção Orgásmica – Ausência ou frequência reduzida de episódios de orgasmo e suas sensações (podendo incluir atraso no momento do orgasmo), apesar de desejo para relação sexual e estímulos adequados.
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Considerações importantes na relação médico-paciente
É importante avaliar as condições que podem influenciar na DSF tais como: estado da menopausa, amenorreia, hiperprolactinemia, hipopituitarismo e terapia antiestrogênica, visto que ao tratar as doenças de base, os sintomas da DSF podem ser atenuados.
É também importante que haja um reconhecimento médico mais apurado em relação às questões sexuais da mulher e até que ponto elas impactam na sua qualidade de vida, visando um diagnóstico mais adequado e um tratamento mais efetivo.
Sendo assim, a história clínica deve contemplar a periodicidade dos ciclos menstruais nas mulheres pré-menopausa, presença de sintomas vulvovaginais, desordens pélvicas, histórico de cirurgias ginecológicas e dispareunia. O exame físico e a solicitação de exames laboratoriais devem ser guiados pela clínica da paciente.
O manejo da DSF deve respeitar a vontade da paciente, visando o bem-estar físico, psicológico e social da mesma e, quando indicado, pode incluir também o parceiro (a).
O tratamento deve ser focado nos sintomas e no tipo de disfunção apresentada. Desse modo, as medidas não farmacológicas incluem acompanhamento psicológico e fisioterapia pélvica.
Já o tratamento medicamentoso pode incluir: lubrificantes vaginais, terapia de reposição hormonal (estradiol, progesterona ou terapia combinada) em mulheres na pós menopausa e testosterona transdérmica para os casos de desejo sexual hipoativo.
Em suma, a DSF abrange transtornos sexuais que muitas das vezes são negligenciados, mas que geram grande impacto na saúde da mulher. Há ainda uma lacuna no tratamento dessas condições, o que gera um alerta para maior incentivo de pesquisa nessa área.
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