Diretriz de micronutrientes: atualizações importantes sobre avaliação e prescrição

A Sociedade Europeia de Nutrição Clínica e Metabolismo publicou as suas primeiras diretrizes clínicas para a utilização de micronutrientes em 2022 que foram apresentadas em um simpósio para discutir como aplicá-las na prática clínica. O presente artigo relata as principais conclusões deste simpósio. 

As diretrizes objetivam fornecer informações práticas sobre a avaliação do status de micronutrientes (isto é: elementos-traço e vitaminas) e a prescrição dos diferentes micronutrientes, ao mesmo tempo em que chamam a atenção para necessidades específicas de micronutrientes em pacientes recebendo nutrição enteral (NE) ou nutrição parenteral (NP). As diretrizes também visam contextualizar as necessidades da população referidas como doses dietéticas recomendadas (RDAs) ou doses dietéticas de referência (DRIs) e necessidades nas doenças. 

Metodologia

Foram discutidos evidências científicas atuais, sendo que o primeiro dia de simpósio teve foco em esclarecer a biologia na qual a diretriz foi embasada, especialmente no que tange a definição de deficiência, o impacto da inflamação e os papeis dos antioxidantes na imunidade. O segundo dia focou em situações clínicas com maior prevalência de deficiência de micronutrientes. 

O papel importante da diretriz foi focar em padronização de linguagem referente ao status no micronutriente (ótimo, adequado, deplecão,  deficiência e toxicidade) e em relação a prescrição (complemento, repleção e suplementação). 

Saiba mais: Suplementação de Micronutrientes: novas evidências

Resultados encontrados e discussão 

A importância da determinação dos níveis de micronutrientes nos pacientes em risco e o diagnóstico de deficiências ainda é insuficientemente percebida, considerando o papel essencial dos micronutrientes nas defesas imunitárias e antioxidantes. Dados epidemiológicos mostram que as deficiências de vários micronutrientes (ferro, iodo, vitamina D) são um problema global que afetam a saúde e o bem-estar da pessoas, incluindo as respostas imunitárias. Foram discutidas condições clínicas frequentemente associadas a deficiências de micronutrientes, incluindo câncer, obesidade (com impacto da cirurgia bariátrica), doenças do trato gastrointestinal, doenças críticas e envelhecimento. Em todas estas condições, a deficiência de micronutrientes está associada a piores desfechos. E o problema recorrente mundial está relacionado a escassez de produtos com micronutrientes para uso na comunidade ou individualmente. 

Conclusão

Apesar do progresso importante na epidemiologia e na nutrição clínica, persistem inúmeras lacunas na prática. A depleção e a deficiência de micronutrientes são frequentemente pesquisadas de forma insuficiente em condições clínicas, levando a um tratamento inadequado. O simpósio concluiu que mais pesquisas e educação continuada são necessárias para melhorar os resultados dos pacientes.