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Dermatologia29 dezembro 2025

Lesões neoplásicas: Como avaliar com a dermatoscopia UV? 

Dermatoscopia de fluorescência induzida por ultravioleta (DUV) usa luz UV para produzir sinais fluorescentes úteis na avaliação dermatológica

A dermatoscopia de fluorescência induzida por ultravioleta (DUV) representa uma técnica inovadora em um dispositivo portátil comparável a uma lâmpada de wood, permitindo o diagnóstico de tumores cutâneos, dermatoses inflamatórias e infecciosas. Essa ferramenta consiste em uma fonte de luz UV capaz de provocar fluorescência nos cromóforos cutâneos por meio do fenômeno do deslocamento de Stokes, produzindo sinais fluorescentes úteis na avaliação dermatológica. 

Inicialmente foi implementada para o estudo dos tumores pigmentados, incluindo melanoma, nevo melanocítico, carcinoma basocelular e ceratoses seborreicas, mas sua aplicação foi ampliada para o estudo de outras condições como doenças inflamatórias e infecciosas. Atualmente é considerada ferramenta diagnóstica e prognóstica em diversas doenças.  

Os achados obtidos pela dermatoscopia com luz polarizada (DLP) foram comparados com a DUV em revisões sistemáticas. Em distúrbios neoplásicos, observou-se que a DUV oferece melhor delineamento das estruturas superficiais, quando comparada a DLP. Esse desempenho superior decorre da capacidade da luz UV de detectar melanina superficial, estruturalmente maior e mais homogênea nas camadas epidérmicas superiores. Adicionalmente, características pouco documentadas na DLP podem ser realçadas na DUV devido à menor capacidade de penetração da radiação ultravioleta em profundidade.  

Vantagens da dermatoscopia de fluorescência induzida por ultravioleta (DUV)

A técnica também pode contribuir para o valor prognóstico ao demonstrar sua sensibilidade para identificação de pigmentação sutil e margens pouco evidentes, achados posteriormente confirmados por histopatologia. Além disso, a ulceração, marcador prognóstico relevante no melanoma, também foi mais observada na DUV, sendo então recomendado o uso combinado de DLP + DUV para maximizar a acurácia diagnóstica e prognóstica. 

Os tumores cutâneos pigmentados da face e pescoço foram estudados demonstrando padrões distintos na DUV. Úlceras foram o achado mais frequente em melanomas, enquanto os nevos demonstraram padrões cribriformes e áreas bem demarcadas. Nos carcinomas basocelulares, destacaram-se cistos, ulcerações e crostas semelhantes a mília. Especialmente na zona H da face, a dermatoscopia UV identificou com maior sensibilidade as erosões, ulcerações, fibras fluorescentes azuis e ausência de fluorescência azul-esverdeada, além de alterações foliculares úteis no diagnóstico de lesões do nariz, região paranasal, região oral e pescoço. 

Outra aplicação da técnica é a delimitação de margens, especialmente no contexto do lentigo maligno.  A demarcação pela DUV demonstrou-se mais evidente quando comparada à DLP, sendo útil na identificação de lesões mais hipopigmentadas, que na DUV se destacam como áreas escuras. Isso auxilia a determinação das margens cirúrgicas, inclusive em regiões complexas como face e região palmoplantar. 

A dermatoscopia UV tem potencial para aprimorar o diagnóstico clínico, orientar as condutas e influenciar positivamente os desfechos dermatológicos. Apesar do avanço crescente, algumas limitações persistem, como a necessidade de ensaios clínicos maiores e com metodologia mais robusta.

Autoria

Foto de Marselle Codeço Barreto

Marselle Codeço Barreto

Médica pela Faculdade de Medicina Souza Marques e Dermatologista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Preceptora de Dermatologia e Dermatoscopia no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF-UFRJ). Possui Título de Especialista em Dermatologia e é Membro Titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Grupo Brasileiro de Melanoma (GBM) e International Dermoscopy Society (IDS).

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