O citomegalovírus (CMV), também denominado herpes-vírus humano tipo 5, é um vírus DNA que pertence à subfamília dos beta-herpes-vírus, da família Herpesviridae, sendo caracterizado por sua capacidade de latência.
A infecção pode ocorrer tanto por vias naturais como iatrogênicas. A transmissão pode se dar por meio de saliva, urina, contato sexual, via placentária, amamentação, hemotransfusão e transplantes de órgãos. É considerado uma das principais causas de infecção congênita e perinatal, e no período pós-natal pode ser grave para indivíduos com imunodeficiência.
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Infecção latente por citomegalovírus
Após a infecção primária, o vírus permanece um longo período de latência no hospedeiro e pode ser reativado, ocasionando novos episódios de infecção, sendo essa forma muito comum em indivíduos imunodeficientes. Nos indivíduos imunocompetentes, a primo-infecção é geralmente assintomática, ou pode manifestar-se como um quadro “mononucleose-like”. Nos imunocomprometidos, a infecção primária, a reativação ou a reinfecção por sorotipo diferente geralmente causam doença.
As manifestações cutâneas da doença são variadas e, embora raras, são mais frequentemente observadas em pacientes imunocomprometidos, sendo bem descritas em transplantados, pacientes com neoplasias hematológicas, pessoas vivendo com HIV em estágio avançado da infecção, indivíduos sob uso de imunossupressores e doenças reumatológicas como lúpus eritematoso sistêmico. Nos transplantados, a doença ativa pode ocorrer nos primeiros 100 dias após o transplante, no momento de maior imunossupressão, sendo importante causa de morbimortalidade.
As lesões cutâneas geralmente estão associadas à doença disseminada e indicam um pior prognóstico. Podem manifestar-se como erupção maculopapulosa generalizada, porém lesões ulceradas, vesículas e petéquias podem estar presentes, mimetizando outras dermatoses, como as infecções herpéticas. Ulcerações genitais, perineais e perianais e necrose das mucosas podem ocorrer em casos mais graves.
A predileção pela topografia anogenital se dá devido à disseminação hematogênica e à latência do vírus no trato gastrointestinal, que quando reativado, infecta a pele do períneo via eliminação fecal.
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Manejo
O diagnóstico é feito com a correlação clínica e na identificação dos corpúsculos de inclusão característicos na histopatologia, combinadas com imunohistoquímica e a detecção do CMV no sangue ou nos órgãos envolvidos. Antigenemia e PCR também podem ser utilizados.
O tratamento é realizado com valganciclovir ou ganciclovir endovenoso até que a replicação do citomegalovírus não seja mais detectada. Geralmente, a duração mínima do tratamento é de duas semanas. É importante a monitorização da carga viral semanalmente por meio de PCR ou da antigenemia no sangue periférico.
É fundamental o reconhecimento precoce das manifestações cutâneas para evitar atraso terapêutico e potencial piora do prognóstico.
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