Paciente de 55 anos apresentando poiquilodermia em colo e dorso superior, pápulas eritematosas na face dorsal de todas as articulações interfalangeanas proximais das mãos e eritema periungueal em todas as unhas das mãos, além de cutículas irregulares. Ao fazer a dermatoscopia da região da prega ungueal, observou-se capilares alongados, capilares ramificados espessos, capilares dilatados gigantes, micro hemorragias e cutículas irregulares (Figura).
Qual o diagnóstico?
Pela clínica é possível sugerir o diagnóstico de dermatomiosite. Sendo as alterações no colo, dorso superior e nas articulações das mãos, conhecidas como sinal do V do decote, sinal do xale e pápulas de gottron, respectivamente.
A dermatomiosite é uma doença autoimune rara do tecido conjuntivo que pode afetar pele, músculo e órgãos internos. O envolvimento cutâneo pode preceder o quadro muscular ou vir isolado nos quadros de dermatomiosite amiopática. O diagnóstico é eminentemente clínico e corroborado por exames como biópsia de pele, anticorpos séricos específicos e eletroneuromiografia. O diagnóstico precoce é importante para ajudar no melhor manejo do paciente e, portanto, para um melhor prognóstico.
A dermatoscopia da prega ungueal pode ajudar nesse diagnóstico?
A dermatoscopia, técnica não invasiva com magnificação in vivo da pele, tem seu uso consagrado na avaliação de lesões cutâneas neoplásicas, porém está sendo cada vez mais estudada em doenças inflamatórias e infecciosas.
Na clínica da região periungueal em paciente com dermatomiosite pode-se ter cutículas irregulares, eritema, telangiectasias visíveis a olho nu, erosões, ulcerações ou atrofia da pele. Na sua dermatoscopia, por sua vez, desorganização da arquitetura capilar normal (sinal precoce), capilares dilatados gigantes, micro hemorragias, áreas avasculares, capilares ramificados espessos (mais específico de dermatomiosite), capilares alongados e capilares tortuosos.
A dermatoscopia pode ser um substituto mais simples e acessível do que a capilaroscopia, exame atualmente padrão ouro, para o diagnóstico de alterações microvasculares das pregas ungueais das doenças do tecido conjuntivo. Apesar de ainda necessitar de mais estudos, é possível que a dermatoscopia, assim como a capilaroscopia, possa colaborar para uma maior acurácia diagnóstica, para determinar atividade de doença e ajudar no acompanhamento dos pacientes de dermatomiosite.
Autoria

Mariana Santino
Médica pela Universidade Federal Fluminense (UFF) • Residência Médica em Dermatologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) • Título de Especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia
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