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Clínica Médica23 abril 2025

Vitamina E e doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica

Estudo teve por objetivo avaliar a eficácia de 300 mg de vitamina E versus placebo em pacientes não diabéticos com DHEADM comprovada por biópsia

A doença hepática esteatótica associada a disfunção metabólica (DHEADM), anteriormente nomeada doença hepática gordurosa não alcoólica (do inglês, NAFLD), é uma das doenças hepáticas crônicas mais comuns, atingindo até 30% da população no mundo. Sua forma mais grave é a esteato hepatite associada a disfunção metabólica (do inglês, MASH), caracterizada por dano hepatocelular e inflamação podendo haver ou não fibrose, onde o estresse oxidativo desempenha papel crucial no desenvolvimento. Isso ocorre quando a capacidade de eliminação do sistema antioxidante excede a produção de espécies reativas de oxigênio. A vitamina E, um antioxidante natural, é um dos tratamentos mais promissores para a MASH, mas a dose ótima ainda era inconclusiva, uma vez que doses elevadas de vitamina E (mais que 600 mg/dia) trazem preocupação com aumento do risco de AVE hemorrágico, câncer de próstata, doenças cardiovasculares e até mortalidade. 

Metodologia 

Esse é um estudo multicêntrico, randomizado, duplo-cego e controlado publicado na revista Cell Reports Medicine em fevereiro de 2025 que incluiu 124 pacientes não diabéticos com DHEADM comprovada por biópsia. O objetivo era avaliar a eficácia de 300 mg de vitamina E versus placebo nessa população. 

Os pacientes receberam randomicamente vitamina E 300 mg via oral ou placebo e o desfecho primário avaliado foi melhora na histologia hepática. O tempo de intervenção foi de 96 semanas e todos os participantes receberam intervenções dietéticas e de mudança de estilo de vida. 

Leia mais: Novas definições da doença hepática esteatótica metabólica e tratamento

Resultados encontrados e discussão 

Na população com intenção de tratar modificada, 29,3% dos indivíduos do grupo que recebeu vitamina E atingiram o desfecho primário comparado com 14,1% do grupo placebo. Também houve melhora na esteatose, inflamação lobular e fibrose no grupo que recebeu vitamina E.   

Especula-se que a vitamina E tenha um efeito hepatoprotetor ao reduzir o dano oxidativo às células hepáticas, inibir a lipogênese de novo por meio da redução da ativação da proteína 1 de ligação ao elemento regulador de esterol (SREBP-1) e da expressão de genes lipogênicos. Além disso, a vitamina E pode influenciar a homeostase do colesterol, vias inflamatórias e o tráfego celular independentemente da sua ação antioxidante. No entanto, ainda faltam dados robustos para comprovar sua eficácia na melhora da fibrose hepática segundo os critérios da agência regulatória FDA. 

Conclusão 

O grupo concluiu que 300mg ao dia de vitamina E pode melhorar a histologia hepática nessa população com DHEADM além disso, essa dose mostrou-se segura e não ocorrendo evento adverso grave. Estudos anteriores falavam de doses bem mais altas (até 1.000 UI/dia por 6 meses) para redução dos escores de fibrose hepática o que poderia estar associado a risco de câncer de próstata, AVC e eventos cardiovasculares. Sugere-se que 300mg de vitamina E por dia seria uma opção segura e eficaz em pacientes com esteato hepatite associada a disfunção metabólica. 

Autoria

Foto de Letícia Japiassú

Letícia Japiassú

Médica endocrinologista com Residência Médica em Clínica Médica pelo Hospital Municipal Souza Aguiar (2008) e especialização pela Associação Brasileira de Nutrologia (2020). Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (2006).

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