ICO 2024: Doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica
A aula de Doença Hepática Esteatótica Associada à Disfunção Metabólica (DHEADM) do ICO, Congresso Internacional de Obesidade, foi apresentada pela médica gastroenterologista Dra. Claudia Oliveira, em conjunto com o médico endocrinologista Dr. Rodrigo Moreira. Os palestrantes são autores do guideline brasileiro publicado em 2023. A aula abordou questões sobre diagnóstico, tratamento e acompanhamento dessa condição.
Diagnóstico
O diagnóstico envolve a identificação da esteatose por exame de imagem, em associação a pelo menos uma alteração metabólica (ex: IMC acima de 25, triglicerídeos > 150 mg/dl, glicemia alterada, HDL baixo, PA acima de 130×85). Um ponto de extrema importância após esse diagnóstico é a diferenciação entre esteatose com e sem fibrose.
A análise de transaminases pode indicar inflamação quando em níveis aumentados, mas foi destacado que a esteatohepatite é um diagnóstico histológico. Além disso, embora precisem ser valorizadas quando alteradas – principalmente em paciente com outros fatores de risco para inflamação e fibrose – as transaminases normais não excluem a necessidade de investigação de fibrose.
Como um primeiro passo para rastreio de fibrose deve ser realizado pelo cálculo do FIB4, que é uma medida com alto valor preditivo negativo, com boa capacidade para excluir fibrose hepática avançada quando o FIB4 é menor que 1,3. A elastografia hepática é um exame capaz de avaliar a rigidez hepática, sendo indicada quando o FIB4 estiver acima de 1,3, podendo ser considerada apesar do FIB4 em pacientes com múltiplos fatores de risco de fibrose.
Considerando que a elastografia hepática mede a rigidez hepática, e não diretamente a fibrose, é importante saber que existem fatores que podem confundir. Como exemplo dados na aula, pacientes com esteatose hepática acentuada ou transaminases elevadas podem ter a rigidez superestimada.
Tratamento
Na confecção do guideline brasileiro, a indicação do tratamento foi baseada em desfechos hepáticos, como: melhora de esteatose, melhora de esteatohepatite sem piora de fibrose, melhora de esteatohepatite e fibrose, redução de desfechos hepáticos como hepatocarcinoma.
Considerando as evidências de redução de desfechos hepáticos, a pioglitazona é a única medicação capaz de reduzir esteatohepatite e fibrose, sendo até o momento a opção de escolha para essa finalidade. Análogos de GLP1 apresentam apenas evidências para redução de esteatohepatite, sem piora de fibrose.
Como perspectivas futuras, embora estudos mostrem redução de fibrose hepática com uso do resmetirom, possivelmente resultados melhores serão atingidos com agonistas duplos de glucagon e GLP1, assim como com agonistas triplos de GIP, GLP1 e glucagon.
Confira os destaques do ICO 2024!
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