Desde o começo da pandemia pelo vírus da covid-19, muitas variantes começaram a surgir, sendo a variante Ômicron (B.1.1.529) a mais virulenta e mais preocupante segundo a Organização Mundial da Saúde. Apesar dessa variante ser de grade virulência e se espalhar com mais facilidade, os casos graves com necessidade de internação hospitalar são menos frequentes, comparados com a variante inicial Delta. A vacinação tem se mostrado bastante eficaz em casos de infecção pelo Ômicron principalmente após a realização de doses de reforço, diminuindo o número de internações e casos fatais.
O vírus da influenza, que possui um caráter mais sazonal, por sua vez, já está circulando na população mundial há muitos anos e também com constantes variantes. De 2018 a 2022, os maiores casos circulantes eram da variante A com os subtipos H1N1 e H3N2, sendo que em 2022 o subtipo H3N2 foi o de maior prevalência. Diferente do vírus da covid-19, a vacinação contra o vírus da Influenza é recomendada apenas para a população de risco.
Enquanto os níveis de vacinação para covid-19 gira em torno de 69% da população, os níveis de vacinação para Influenza beiram a margem de 38%. As duas doenças apresentam sintomas bem semelhantes como o acometimento do sistema pulmonar com tosse, coriza, dor de garganta, febre, cefaleia e fadiga e ambas estão relacionadas a transmissão por aerossóis e tem grande potencial de complicações e evolução para óbito.
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Esse estudo visa comparar e avaliar dentre os casos de covid-19 e influenza, que estariam mais associados a internação hospitalar, complicações com necessidade de terapia intensiva e óbito.
Método
O estudo em questão, retrospectivo e multicêntrico, baseado em coleta de registro de dados nacional, foi realizado com 5212 pacientes acima de 18 anos internados com diagnóstico de covid-19 e Influenza em 15 instituições hospitalares da Suíça. Os dados relativos aos pacientes com diagnóstico de covid-19 foram coletas no período de janeiro a março de 2022 e os com diagnóstico de influenza no período de janeiro de 2018 a março de 2022.
As análises principais foram os índices de mortalidade e admissão em unidade de terapia intensiva nos dois grupos de pacientes.
Resultados
Dos 5212 pacientes admitidos no estudo, 3066 (58,8%) tiveram diagnóstico de covid-19 e 2146 (41,2%) tiveram diagnóstico de Influenza. Dos pacientes com covid-19, 1485 eram do sexo feminino contra 1113 do grupo com Influenza. Os pacientes com covid-19 eram mais jovens que os do grupo com Influenza, com uma média de idade de 71 e 74 respectivamente.
De uma forma geral, 214 (7%) pacientes com covid-19 vieram a óbito durante a internação contra 95 (4,4%) pacientes com diagnóstico de Influenza. Sendo que os pacientes que evoluíram a óbito antes da internação em unidade fechada eram pacientes mais idosos e com quadro de demência.
E em relação a internação em unidade de terapia intensiva, houve uma relação de 250 (8,6%) pacientes com covid contra 169 (8,3%) pacientes com influenza, demonstrando uma certa similaridade entre os dois grupos.
Em relação ao tempo de estadia hospitalar o grupo com diagnóstico de covid-19 permaneceu menos tempo no hospital, tanto em relação a estadia em enfermaria como em unidade fechada de tratamento.
Em uma análise de risco causa-específica, mostrou que os pacientes com covid-19 apresentavam maior risco diário de evoluírem ao óbito do que os pacientes com Influenza.
Conclusão
Os resultados encontrados nesse estudo, apesar de algumas limitações como a incapacidade de garantir a exclusividade de infecção pela variante Ômicron, mostrou que o vírus da covid-19 apresenta maior morbimortalidade que o da Influenza, fato que vai contra uma crença em um passado não muito distante, no início da pandemia, que os pacientes com diagnóstico de influenza eram mais suscetíveis ao óbito que os com covid-19. Apesar da infecção por covid-19 ser mais grave, a necessidade de internações em unidades fechadas nos dois grupos não mostrou diferença significativa.
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Mensagem prática
Depois da análise desse estudo, os pesquisadores vêm evidenciando que as taxas de mortalidade se encontram diminuídas com o passar do tempo, porém a gravidade pelo covid-19 ainda é real, fato que corrobora a eficácia e necessidade de vacinação pela população geral a fim de diminuir as complicações causadas tanto pela Influenza como pelo vírus da covid-19.
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