A displasia do desenvolvimento do quadril (DDQ) envolve um espectro que varia de deficiências acetabulares leves até subluxação e luxação do quadril. O prognóstico piora bastante com o atraso na descoberta da patologia, levando à artrose precoce do quadril, sendo a causa de indicação de 10% das artroplastias totais de quadril.
O screening dessa doença quando comparado em diferentes países é extremamente variado, com alguns fazendo uso de ultrassom e outros não recomendando rastreio pela falta de evidências. Além disso, quando há escolha pelo rastreio com ultrassom, é motivo de debate a idade ideal para a realização, técnica de ultrassonografia que deve ser utilizada, quando iniciar o tratamento e a sua duração ideal.
O estudo
Foi publicado no último mês na revista Bone and Joint um artigo com o objetivo de estabelecer um consenso para minimizar variações no tratamento e diagnostico da displasia de desenvolvimento do quadril.
Um estudo de consenso de Delphi foi realizado entre os membros do BSCOS (British Society for Children’s Orthopaedic Surgery). Declarações foram gerados por um grupo de direção sobre aspectos do manejo da DDQ em crianças com menos de três meses, ou seja, triagem e vigilância (15 perguntas), a técnica de screening com ultrassom (oito perguntas), o início do tratamento (19 perguntas), cuidado durante o tratamento com uma tala (dez perguntas) e com qualidade, governança e pesquisa (oito perguntas).
Métodos
Um total de 60 declarações foram classificadas por 128 médicos na primeira rodada e 132 na segunda rodada. O consenso foi alcançado em 30 de 60 declarações na primeira rodada e outros 12 na segunda. Isso foi resumido em uma declaração de consenso e colocado em um fluxograma para orientar a prática clínica.
Resultados e atualização de consenso
Pacientes com ângulo alfa > 60 graus em qualquer idade após medida por ultrassom não necessitam nova avaliação. Pacientes com 2 semanas de vida e quadril 2A não necessitam tratamento, apenas devem seguir sendo rastreados. Quanto a quadris 2C/D estáveis com 2 semanas, não se chegou a um consenso sobre qual caminho seguir, assim como quadris 2A com 7 semanas e 2B com 13 semanas.
Nas demais classificações, quadris descentralizados devem ser novamente escaneados nas próximas duas semanas. Quadris centrados com órtese devem ser avaliados a cada duas e escaneados novamente entre duas e quatro semanas. Essas órteses devem ser usadas pelo menos 6 semanas após a centralização do quadril e o ângulo alfa deve ser de pelo menos 60 graus antes de ser descontinuada. E se houver um episódio de paralisia do nervo femoral com a ortetização, uma nova tentativa pode ser realizada após a resolução da neuropraxia.
Conclusão e mensagem prática
Foi identificado um consenso em uma área de medicina que tem uma longa história de controvérsia e prática variada. Nenhuma das áreas de consenso, entretanto, é baseada em evidência de alta qualidade.
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