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Clínica Médica17 outubro 2024

Características de paciente com ACG que predizem complicações cranianas isquêmicas

A complicação mais temida da ACG é a ocorrência de neuropatia óptica isquêmica anterior (NOIA), que pode levar à perda visual profunda.
Por Gustavo Balbi

A arterite de células gigantes (ACG) é a vasculite mais frequente nos pacientes idosos, e a sua complicação mais temida é a ocorrência de neuropatia óptica isquêmica anterior (NOIA), que pode levar à perda visual profunda. Um dado relevante é que a presença de manifestações isquêmicas prévias é um fator de risco para perda visual. Além disso, alguns estudos anteriores já associaram as complicações isquêmicas cranianas com idade avançada, fatores de risco cardiovascular e status socioeconômico. 

Visando contribuir com essa questão, Chaddock et al. desenvolveram um estudo cujo objetivo foi avaliar se a presença de manifestações isquêmicas cranianas no início do quadro se associa com fatores de risco cardiovascular e doença cardíaca estabelecida prévios, além de fatores genéticos. 

Leia também: Arterite de células gigantes: novo guideline para diagnóstico e tratamento

paciente com arterite de células gigantes (ACG)

Métodos

Trata-se de um estudo que utilizou dados do Consórcio UKGCA e UK Biobank. O desfecho primário analisado foi manifestações cranianas isquêmicas na ACG, incluindo complicações oculares e não oculares. Já os secundários foram manifestações isquêmicas cranianas transitórias e uma composição de manifestações isquêmicas extracranianas. 

As exposições analisadas foram doenças cardiovasculares prévias, fatores de risco cardiovasculares prévios, medicamentos cardiovasculares prévios e escores de risco poligênico para doenças cardiovasculares. 

Resultados

Um total de 1946 pacientes (94,8% deles com dados genéticos, 93,0% preenchiam os critérios ACR 1990 e 94,9% preenchiam os critérios ACR/EULAR; 69,2% dos diagnósticos foram confirmados por biópsia de artéria temporal superficial ou exames de imagem) foram incluídos na análise; deles, 99,2% eram brancos e 68,7% eram do sexo feminino. A mediana de idade no diagnóstico foi de 71 (66-77) anos. 

Do total, 17,0% apresentaram complicações isquêmicas cranianas, 59,3%, manifestações isquêmicas transitórias e 12,5%, manifestações isquêmicas extracranianas. 

Na análise univariada, 10 variáveis se correlacionaram com manifestações cranianas isquêmicas, a saber: idade na ACG, sintomas de polimialgia reumática, perda ponderal, combinação de doenças cardiovasculares, AIT, dislipidemia, uso de hipolipemiantes, hipertensão, antiagregação e anticoagulação. No entanto, na análise multivariada, a associação se manteve apenas para terapia anticoagulante (OR ajustado 0,21, IC95% 0,05-0,62, p=0,0004) e idade (OR ajustado 1,60, IC95% 0,73-3,66, p=0,002, para ≥80 anos vs. <60 anos). Na análise de sensibilidade omitindo a terapia anticoagulante, a idade e a hipertensão (OR ajustada 1,53, IC95% 1,03-1,75, p=0,03) se mantiveram associadas com complicações isquêmicas cranianas. No mapeamento posicional genético, os autores encontraram associação com TEK, CD96 e MR09H. 

Saiba mais: Novos critérios para arterite de células gigantes (ACG) são publicados

Comentários

Esse estudo reforça a importância da idade e dos fatores de risco cardiovascular (particularmente a hipertensão) no desenvolvimento de complicações isquêmicas cranianas na ACG. O uso de anticoagulantes foi protetor nessa coorte. Além disso, os autores encontraram associação com fatores genéticos relacionados às vias de inflamação e coagulação (TEK, CD96 e MR09H). 

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Referências bibliográficas

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